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15/08/2017

Academia Nacional de Medicina homenageia Oswaldo Cruz

Academia Nacional de Medicina


Na última quinta-feira (10/8), após o tradicional Chá Acadêmico e na sequência do Simpósio Cirurgia Vascular: Atualização no Diagnóstico e Tratamento da Doença Obstrutiva Cerebrovascular, a Academia Nacional de Medicina recebeu pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para a realização da conferência Oswaldo Cruz: Médico e Pesquisador. O ano de 2017 marca os 100 anos da morte de Oswaldo Gonçalves Cruz, ícone da pesquisa e da Saúde Pública Brasileira, falecido em 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos, vítima de insuficiência renal. O sanitarista figura em primeiro lugar na lista dos cientistas brasileiros mais importantes, em enquete promovida em 2010 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia intitulada Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil.

Organizada pelo acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro (direita), a conferência contou também com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima (centro), e do ex-presidente Paulo Gadelha (esquerda) (fotos: Academia Nacional de Medicina)

 

Organizada pelo acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, a conferência contou também com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e do ex-presidente Paulo Gadelha. A convite do acadêmico Walter Zin, a tataraneta de Oswaldo Cruz, Ana Victoria Oswaldo-Cruz Healey, também tomou parte das homenagens, dizendo-se muito emocionada.

Falando sobre o legado de Oswaldo Cruz para o sanitarismo brasileiro, o Paulo Gadelha iniciou sua apresentação com uma citação do historiador francês François Dosse: “A história pode novamente desempenhar seu papel de passarela entre o passado e o devir, não pela previsão do futuro, mas sim porque ela permite reencontrar as vias de um projeto inédito a partir de uma memória retrabalhada”. Segundo o conferencista, a construção de uma “identidade fundadora” – para uma sociedade, para uma nação, etc. - passa pela significação de personagens icônicos, como foi Oswaldo Cruz.

Acerca desta identidade, ressaltou que o IOC/Fiocruz possui uma matriz histórica intimamente ligada às principais transformações pelas quais passou a sociedade brasileira. Chamou atenção para sua articulação nas estratégias nacionais de desenvolvimento, participando da construção da visão de Nação brasileira. Deu como exemplo a modernização do Rio de Janeiro, então capital da República; a integração dos “sertões”; a chamada Reforma Sanitária; o desenvolvimento do SUS, entre outros.

Paulo Gadelha também chamou atenção para o período em que Oswaldo Cruz foi Prefeito da Cidade de Petrópolis (18/08/1916 a 31/01/1917), destacando seus principais projetos para a cidade, que iam muito além do aspecto sanitário: construir uma rede de esgotos e organizar os serviços sanitários; trocar a frota de carros de tração animal por automóveis; organização do ensino primário; construção de parques e criação do Museu Imperial e do Jardim Botânico na cidade – projetos que que não pode ver concretizados, pois a piora de sua saúde o levou a renunciar ao cargo pouco antes de sua morte.

Ex-presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha falou sobre o legado de Oswaldo Cruz
 
 

Já ao acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro coube falar sobre a trajetória acadêmica de Oswaldo Cruz. Nascido em 5 de agosto de 1872, em São Luiz do Paraitinga, estado de São Paulo, era filho do médico Bento Gonçalves Cruz e D. Amélia Taboada Bulhões Cruz. Viveu em sua cidade natal 1877, quando sua família se transferiu para o Rio de Janeiro. O “saneador da cidade do Rio de Janeiro, criador do Instituto de Manguinhos e fundador da Medicina Experimental brasileira” foi descrito por Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro como abnegado, altruísta, carinhoso, competente, desprendido, fervoroso, idealista, justo, silencioso e solidário. Além disso, era um apreciador de arquitetura e fotografia, que falava fluentemente francês e espanhol.

Durante sua vida, Oswaldo Cruz recebeu várias honrarias e homenagens: em 1907, em Berlim, no 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia, ganhou a medalha de ouro em reconhecimento por seu trabalho; em 1911, a Exposição Internacional de Higiene (Dresden, Alemanha) conferiu um diploma de honra ao Instituto Oswaldo Cruz; e em 1914, a França, tendo sido beneficiada em suas colônias na África pelas descobertas de Oswaldo Cruz, concedeu ao brasileiro a Legião de Honra - a mais alta distinção republicana francesa. Além disso, recebeu também inúmeras homenagens póstumas.

Organizador da conferência, Cláudio Daniel-Ribeiro falou sobre a trajetória acadêmica de Oswaldo Cruz

 

Para a Academia Nacional de Medicina foi eleito em 26 de junho de 1899. Na instituição, atuou como Presidente da Secção de Ciências Aplicadas à Medicina nos anos de 1913-1914, 1914-1915 e 1916-1916. É patrono da Cadeira nº 90, que também ocupou, sendo sucedido pelo acadêmico Gustavo Riedl, empossado em 25 de outubro 1917. Hoje, a Cadeira é ocupada pelo Acadêmico Gilberto de Nucci, professor titular de Farmacologia.

Após a conferência do acadêmico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, na rodada de comentários, o ex-presidente da Fiocruz Paulo Buss declarou-se imensamente feliz por ver realizada na Academia Nacional de Medicina tão honrosa homenagem a esse personagem outrora vilipendiado, mas que alçou o posto de herói nacional. O honorário Luiz Fernando Rocha Ferreira da Silva e o acadêmico Manassés Claudino Fonteles também teceram importantes comentários, reafirmando que a grandeza da atuação de Oswaldo Cruz foi muito além da área médica, tendo contribuído para a estruturação da educação no país.

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