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27/06/2008

Aluna recém-formada ganha bolsa de jovem cientista nos EUA

Catia Guimarães


Formada no ano passado pela Escola Politécnica de Saúde da Fiocruz, a jovem Kim Costa, de 18 anos, será uma das duas únicas representantes do Brasil no The National Youth Science Camp, um programa americano que seleciona os melhores jovens cientistas dos Estados Unidos e de outros oito países. Um fator decisivo para a escolha de Kim  foi a monografia que ela desenvolveu ao longo do curso de ensino médio integrado à formação técnica em biodiagnóstico da Escola Politécnica, que tratou de um tema atual, polêmico e de fundamental importância para a ciência: o uso de novos métodos de experimentação animal em pesquisas. A outra brasileira ganhadora da bolsa de estudos americana é a estudante Sofia Magalhães, de 16 anos, do Colégio Galois, de Brasília.


 O trabalho de Kim discute caminhos para uma questão que se tornou central na ciência (Foto: Peter Ilicciev)

O trabalho de Kim discute caminhos para uma questão que se tornou central na ciência (Foto: Peter Ilicciev)


Kim participou do processo seletivo por  indicação da Assessora Cultural do Consulado-Geral dos Estados Unidos do Rio de Janeiro, Leila Santos, que tinha ficado impressionada com sua boa atuação no programa Jovens Embaixadores de 2007, do qual Kim foi semifinalista. De acordo com a assessora, ela foi a participante que melhor se encaixou no perfil científico exigido pelo The National Youth Science Camp.


A partir da indicação, a ex-aluna da Politécnica enviou à embaixada americana — responsável pela seleção dos alunos do Brasil — uma carta de apresentação mostrando que atendia aos pré-requisitos do programa, como a vocação para a área científica, o perfil de liderança, o envolvimento com trabalhos comunitários, além da excelência acadêmica e o domínio do inglês. Também foram solicitadas outras habilidades não diretamente relacionadas à prática científica, como  tocar algum instrumento musical ou praticar esportes. “O programa pretende buscar alunos que, além do bom rendimento escolar, estejam envolvidos em outras atividades. O objetivo é que os participantes sejam jovens engajados em aplicar a experiência do programa em atividades que tragam benefícios para a sua comunidade”, explica Leila.


Para Kim, a passagem pela Escola foi fundamental para o êxito, pois lhe proporcionou uma experiência única: “Se não tivesse estudado na Escola Politécnica, acredito que jamais teria conseguido a bolsa de estudos, pois foi lá que me iniciei na área da pesquisa científica. Também na Escola tive a oportunidade de fazer seminários, participar de congressos e simpósios científicos, tudo ainda muito jovem. Não sei se teria essa experiência em outro lugar”, afirma.


Como resultado dessa "iniciação em pesquisa" na Escola, Kim produziu a monografia Métodos alternativos para a substituição de modelos animais de experimentação, que foi fundamental na conquista da bolsa. Orientada pela professora-pesquisadora Etélcia Molinaro, o trabalho discute caminhos para uma questão que se tornou central na ciência — e que está ainda mais atual no Brasil em virtude da recente aprovação da chamada Lei Arouca, que trata dessa polêmica, na Câmara dos Deputados.


A produção de monografias é uma parte do processo educativo da Politécnica, que se baseia na articulação entre ensino e pesquisa. “Nosso objetivo é que o aluno, já no ensino médio e técnico, adquira autonomia para desenvolver autoria de trabalhos científicos e iniciativa no campo da pesquisa”, explica o coordenador do programa Trabalho, Ciência e Cultura, que acompanha o desenvolvimentos das monografias pelos alunos, Marco Antônio Santos,


O prêmio de Kim é uma bolsa de estudos para representar o Brasil no The National Youth Science Camp, que ocorrerá entre 26 de junho e 29 de julho deste ano, no estado americano da Virgínia Ocidental. O programa é organizado pela The National Youth Science Foundation junto com o governo da Virgínia e visa promover o interesse de jovens que estão iniciando a carreira científica para o âmbito social, de forma a incentivá-los a pensar muito além de suas áreas específicas. Durante esse período, serão promovidas diversas atividades, como seminários em que os jovens poderão interagir com grandes nomes da ciência, que partilham suas experiências na área; práticas de esporte e passeios rústicos; e estudos direcionados para temas científicos. Todas as despesas são pagas pelo programa, inclusive as passagens.


O The National Youth Science Camp existe há mais de 40 anos e é destinado a alunos que tenham concluído a high school (equivalente ao Ensino Médio no Brasil). Tradicionalmente, participam do programa dois representantes de cada estado americano. Este ano foram oferecidas pela primeira vez bolsas para dois representantes de mais oito países (Argentina, Barbados, República Dominicana, Canadá, México, Chile e Colômbia; além do Brasil).

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