Início do conteúdo

01/11/2006

Aprendizado de assuntos relacionados à água é deficiente

Pablo Ferreira


Os alunos do ensino fundamental do Rio de Janeiro não encontram relevância e, conseqüentemente, pouco aprendem sobre temas ligados à água e à promoção da saúde. A conclusão é da professora e bióloga Rosalina Maria de Magalhães Pereira, autora da dissertação de mestrado A água e o ensino de ciências naturais: um estudo sobre a influência da escola na promoção da saúde. “Temos professores desmotivados e políticas educativas que estão longe de tratar estes importantes temas da forma ideal”, afirma.


Para a bióloga, a solução do problema estaria na implantação de novas metodologias que relacionassem o cotidiano do aluno ao aprendizado, trabalhando em cima de seus conhecimentos prévios. Isso evitaria que os estudantes fossem meros depositários de informações,  incentivando-os a participar mais ativamente de ações e discussões e levando-os a refletir sobre os temas. Ademais, ela considera o professor peça fundamental: “em virtude das condições de trabalho, temos professores completamente desestimulados”, diz. Segundo a bióloga, para alterar o quadro, é preciso estimular a formação continuada do professor, além de buscar melhorar ao máximo suas condições de vida e trabalho.


A pesquisa foi realizada observando-se professores e alunos de 8ª série do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj). Por meio de questionários e entrevistas, ela constatou que o conhecimento cotidiano dos estudantes sobre a água está muito aquém do científico. “Eles apresentam poucos hábitos de higiene, não se preocupam com a qualidade da água utilizada em suas moradias bem como a consumida como bebida, desconhecem o ciclo de muitas das doenças por ela transmitidas”, relata Rosalina, citando como exemplo de deficiência um estudante que afirmou ser o dengue transmitido pela ingestão de água, desconhecendo o mosquito como verdadeiro vetor.


Rosalina é professora há mais de 20 anos, tanto na rede pública quanto na particular. Apesar das diferenças, ela não acredita que o quadro se altere muito nas escolas privadas: “a água não é tratada com a devida importância pelo nosso ensino”. Na conclusão de sua dissertação, ela escreve que “a urgência em se tratar o tema ‘água’ numa nova dimensão faz parte de uma realidade da sociedade contemporânea, que precisa encontrar outras formas de lidar com o ambiente, sob pena de acelerar um processo de degradação que colocará em risco as condições de qualidade de vida para as populações”. Rosalina concluiu seu mestrado no curso de ensino em biociências do Instituto Oswaldo Cruz da Fiocruz. Ela foi orientada pelo entomologista Anthony Érico Guimarães.

Voltar ao topo Voltar