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14/04/2015

Artigo discute a persistência do câncer de colo de útero no Brasil

Marina Lemle / Blog de HCS-Manguinhos


Apesar dos avanços na difusão de medidas preventivas, o câncer de colo do útero continua sendo um sério problema de saúde no Brasil. A persistência da doença, principalmente nas regiões mais pobres, é o tema do pesquisador Luiz Antonio Teixeira, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, no artigo Dos gabinetes de ginecologia às campanhas de rastreamento: a trajetória da prevenção ao câncer de colo do útero no Brasil, publicado em HCS-Manguinhos (vol.22 no.1 jan./mar. 2015).

De acordo com Teixeira, as pessoas em situação de maior risco são as que têm menor acesso à educação, vivem em condições mais precárias e tem maior dificuldade para fazer uso regular do sistema de saúde. “Pesquisas mostram que a realização do exame Papanicolaou está relacionada ao número de anos de estudo. Mulheres com menos informação procuram menos o sistema de saúde e, em muitos casos, têm diversas resistências: não sabem para que serve o exame, acham que não é para câncer e têm medo”, conta.

Outro problema, segundo o pesquisador, é o controle de qualidade dos exames, que algumas vezes é falho no Brasil. Resultados falso-negativos colocam a saúde das mulheres em risco. Por isso, a orientação é fazer inicialmente dois exames no período de um ano e depois de três em três anos. Novas técnicas, como a de captura híbrida, podem identificar a presença do HPV no organismo rapidamente, mas ainda não estão disponíveis no sistema público brasileiro – o que ele acredita que mudará nos próximos anos.

Teixeira explica que hoje, quando a mulher procura o sistema de saúde para fazer o teste Papanicolaou – conhecido como “preventivo” – os médicos aproveitam para realizar outros exames ginecológicos importantes. Mas algumas recusam o procedimento, por ignorância e medo. Já outras se confundem com o próprio termo “preventivo” e, acreditando que o exame previne que contraiam doenças sexualmente transmissíveis, fazem sexo sem proteção.

O pesquisador afirma que é difícil mudar a situação só através da intensificação do uso da técnica, visto o problema ter como causa o desnível sócio-econômico-cultural. “São necessárias mudanças mais amplas, que não se limitam ao sistema de saúde. As pessoas precisam de inclusão social, educação e melhores condições de moradia, além de campanhas educativas”, defende.

Em junho, a Casa de Oswaldo Cruz lançará o livro Câncer de mama e de colo de útero: conhecimentos, políticas e práticas, uma coletânea de estudos que analisam os resultados das políticas implementadas em momentos diferentes para controlar os cânceres ginecológicos. Os artigos exploram aspectos históricos e atuais dos conhecimentos sobre a doença, as intervenções de saúde pública e as formas de as mulheres lidarem com essas intervenções.

Confira o artigo na íntegra.

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