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20/05/2005

CPqRR desenvolve estratégia capaz de extrair DNA de conchas vazias de Biomphalaria

Aílson Santos


Cientistas do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), unidade da Fiocruz em Minas Gerais, tornaram possível o diagnóstico de esquistossomose a partir da extração do DNA de conchas vazias dos moluscos do gênero Biomphalaria, hospedeiros intermediários do parasita Schistosoma mansoni. A identificação desses moluscos é feita regularmente com base nos caracteres morfológicos. Para verificar a presença de cercárias, é feito o esmagamento do molusco entre placas de vidro ou por meio de exposição à luz artificial. Apesar disso, ambas as metodologias são, algumas vezes, ineficazes. Como explica a pesquisadora Roberta Lima Caldeira, do Laboratório de Helmintoses Intestinais do CPqRR, a maioria dos moluscos chegam ao laboratório mortos, sem o corpo, impedindo a identificação específica e o exame para Schistosoma mansoni, no diagnóstico de esquistossomose. "Ainda assim, perguntávamos se não era possível extrair DNA dessas conchas, apesar de serem constituídas basicamente de carbonato de cálcio, para investigar características do seu antigo ocupante", diz ela.


A partir dessa indagação, a equipe de pesquisadores, formada por Roberta, Liana Jannotti-Passos, Pollanah Lira e Omar Carvalho, decidiu fazer um pequeno furo próximo ao giro central de conchas vazias, na tentativa de recolher vestígios de matéria orgânica. Do material conseguiram extrair o DNA, que foi comparado ao perfil molecular do caramujo Biomphalaria e do parasita Schistosoma mansoni. No estudo foram usadas conchas vazias provenientes de várias regiões do Brasil, depositadas na coleção de moluscos do CPqRR e conchas, também vazias, coletadas aleatoriamente no campo.


Os resultados desse estudo inédito, publicados na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, confirmaram tratar-se de moluscos hospedeiros e revelaram, em alguns casos, a presença do parasita da esquistossomose. Na avaliação de Carvalho, chefe do Laboratório de Helmintoses Intestinais e coordenador da pesquisa, "a identificação dos moluscos e da infecção, usando conchas vazias, permite um melhor conhecimento da distribuição das três espécies hospedeiras do S. mansoni". Ele também destaca que a delimitação das regiões com risco de introdução ou expansão da esquistossomose contribui com os serviços de saúde, aprimorando ou estruturando, de forma mais adequada, as atividades de controle e vigilância da doença, direcionando ações e economizando recursos.

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