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03/04/2017

Debate sobre cooperação científica encerra Simpósio de Pesquisa

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


Uma mesa-redonda sobre cooperação científica encerrou o 3º Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), na última quarta-feira (29/3). A sessão abordou como a colaboração espontânea forma redes de pesquisa no IOC, o papel dos cursos de pós-graduação na integração nacional da Fiocruz, os impactos do programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e as potencialidades do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), implantado no Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia). Coordenado pelo diretor do IOC/Fiocruz, Wilson Savino, o debate contou com a participação do vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC/Fiocruz, Hugo Caire de Castro Faria Neto; do coordenador adjunto de Pós-Graduação da Fundação Oswaldo Cruz e chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz, Milton Ozorio Moraes; do coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz (CDTS), Carlos Morel; e da coordenadora substituta do Cidacs, Maria Yury Ichihara.

Colaboração interna

Utilizando técnicas de análise de redes, um mapeamento revelou a intensidade das colaborações entre os laboratórios do IOC. Apresentado por Hugo Caire, o trabalho analisou artigos, teses e dissertações publicados entre 2010 e 2015, além de dados fornecidos no processo de recadastramento de 2015. O mapeamento revelou redes de interações complexas, envolvendo a maioria dos laboratórios. A análise permitiu ainda detectar clusters – grupos formados por laboratórios com padrões de interações semelhantes. “O mapeamento das redes indica relações bem estabelecidas entre vários laboratórios, com padrões de agrupamentos espontâneos”, indicou o vice-diretor. Segundo ele, na próxima etapa do estudo, o padrão das redes deve ser investigado considerando os temas das pesquisas. “A compreensão dessas redes pode contribuir para ações administrativas e estratégicas”, completou.

Com 45 programas estabelecidos, a pós-graduação Stricto sensu contribui para a integração nacional da Fiocruz e para a construção de parcerias que alcançam não apenas universidades brasileiras, mas também instituições internacionais. De acordo com Milton Moraes, ações como o financiamento de bolsas estudantis e a formação de consórcios para expandir o alcance da pós-graduação, como, por exemplo, a implantação de cursos em Manaus, Piauí e em Moçambique, na África, contribuem, ao mesmo tempo, para a integração e para a excelência dos programas. “A Fiocruz tem unidades e escritórios posicionados estrategicamente em várias regiões do Brasil, o que é fundamental. A excelência dos programas se reflete nas diversas teses premiadas e nos conceitos de avaliação da Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]. Além de cursos tradicionais com conceito 7, temos cursos com menos de 15 anos que já atingiram conceitos 5 e 6”, comentou o coordenador adjunto de Pós-Graduação da Fiocruz.

Estímulos para parcerias

Lançado em 2008, o programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, liderado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, reuniu diversas agências de fomento para financiar o trabalho de grupos de pesquisa em áreas de fronteira da ciência e em setores estratégicos para o desenvolvimento sustentável do país. Os impactos e desafios do projeto foram avaliados por Morel, coordenador do INCT de Inovação em Doenças Negligenciadas. O diretor do CDTS destacou a integração entre cientistas de diversas instituições nacionais e internacionais e a realização pesquisas de alto impacto. Além de 260 artigos publicados, o trabalho do INCT de Inovação em Doenças Negligenciadas resultou em mais de cem teses e dissertações publicadas em programas de pós-graduação do Brasil e do exterior. “Mais importante do que as publicações são os registros de patente que caracterizam a inovação tecnológica na área de doenças negligenciadas propiciada por esse projeto. Até agora, foram quatro patentes concedidas e mais de dez pedidos depositados”, ressaltou Carlos Morel. Entre os desafios do programa, ele enfatizou os cortes na segunda chamada de projetos, cujo resultado foi divulgado no ano passado. “Apesar de 252 propostas terem sido aprovadas pela comissão internacional que analisou o mérito, apenas 101 INCTs foram selecionados, e os recursos anunciados ainda não foram liberados”, lamentou.

A integração entre dados do cadastro único de programas sociais do governo federal e de outros sistemas nacionais de informação, incluindo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, será a base para um estudo epidemiológico de dimensão inédita para avaliação dos efeitos de programas sociais sobre a saúde da população. Liderado pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), o projeto Coorte Virtual de 100 Milhões de Brasileiros é um dos primeiros projetos desenvolvidos a partir da estrutura de recursos computacionais de alto desempenho do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde, inaugurado em dezembro do ano passado na Fiocruz-Bahia. Segundo Maria Ichihara, o estudo é um exemplo de pesquisa inovadora possibilitada pelas novas tecnologias para processamento de grandes bases de dados – conhecidas como big data –, que devem expandir a cooperação científica. “A ciência baseada nesse grande volume de dados precisa de visão multidisciplinar e colaborativa. Essa abordagem integrada é crucial para a transformação do big data em conhecimento capaz de apoiar decisões em políticas públicas, em benefício da sociedade”, declarou a coordenadora substituta do Cidacs.

Encerramento

No encerramento do 3º Simpósio de Pesquisa e Inovação, o diretor do IOC destacou a complementaridade e a profundidade dos debates que ocorreram ao longo dos três dias de evento. “Conseguimos discutir desde desafios para a ciência até estratégias de cooperação, passando por questões que afetam diretamente a pesquisa e a inovação, como o financiamento e o acesso aberto à informação, além das relações com os serviços de referência e as coleções biológicas. A complementaridade das falas de diversos palestrantes e a profundidade das discussões tornaram o encontro muito produtivo para a reflexão sobre as atividades que desempenhamos no dia-a-dia”, avaliou Wilson Savino.

Confira a cobertura completa do evento:

Simpósio de Pesquisa e Inovação debate coleções biológicas

Simpósio de Pesquisa discute desafios da ciência no Brasil

Financiamento da produção científica é tema de simpósio

Serviços de referência para diagnóstico são pauta de simpósio

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