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01/03/2013

Dissertação aponta fatores que dificultam a cura da tuberculose

Informe Ensp


Fatores intervenientes na cura de pacientes com tuberculose em Vitória. Esse é o tema da dissertação de mestrado de Paula Corrêa da Silva, que a apresentou à Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Seu estudo fez um corte retrospectivo, abrangendo 207 pacientes adultos com tuberculose nas formas pulmonar e pulmonar + extrapulmonar que foram notificados e tratados pelas Unidades de Saúde da Família (USF) de Vitória (ES) nos anos de 2009 e 2010. Segundo ela, foram identificados fatores associados com a não cura de pacientes com tuberculose, destacando-se comorbidades como uso de drogas ilícitas e HIV, organização do serviço de atenção primária à saúde (profissional da supervisão e indicação para tratamento supervisionado) e formas da doença.


 Imagem de <EM>Mycobacterium tuberculosis</EM>

Imagem de Mycobacterium tuberculosis





Os dados do estudo foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação de Tuberculose (Sinan-TB) de Vitória e pela pesquisa de prontuários. As variáveis de exposição são os fatores intervenientes na cura da tuberculose e no desfecho da cura de pacientes com tuberculose. Foram realizados testes de hipóteses para proporções e medianas, bem como modelos lineares generalizados, a fim de quantificar as associações entre os fatores de interesse e o desfecho dicotômico (ter ou não cura). O estudo enfocou Vitória porque é um dos municípios prioritários no controle da tuberculose no Espírito Santo. Outros motivos relevantes para esse enfoque foram a taxa de cura (79%, em 2009) abaixo do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 85%, e o abandono do tratamento acima dos índices (7%, em 2009), em confronto com o que é proposto pela OMS, de até 5%.


Como resultados da pesquisa, Paula constatou que, dos 207 pacientes com diagnóstico de tuberculose (nas formas pulmonar e pulmonar + extrapulmonar), 183 pacientes (88%) obtiveram cura. Entre os casos notificados, 67% foram tratados por duas USF, que também oferecem o Programa de Controle da Tuberculose (PCT). Com base na modelagem estatística, os fatores significativamente mais associados à não cura da tuberculose foram uso de drogas ilícitas, tratamento supervisionado por outros profissionais, não indicação para o tratamento diretamente observado de curta duração (Dots), testagem positiva para o HIV e apresentação da forma da tuberculose pulmonar + extrapulmonar.


Para Paula, há um descompasso entre a transferência de responsabilidades das ações de controle da tuberculose para a atenção primária à saúde (APS), em Vitória. Isso se constata pela descentralização do tratamento e acompanhamento dos casos de tuberculose, que vem sendo estabelecido pelas duas unidades de saúde com PCT implantados. “Julga-se necessária uma efetiva organização dos serviços de saúde como a APS, ainda em construção no país e, em Vitória, ao longo do tempo, principalmente com a ampliação da cobertura para os municípios mais populosos”, apontou.


Segundo ela, os pacientes pertencentes às áreas de uma determinada USF deveriam ser supervisionados no tratamento pela equipe de saúde da família da sua microárea, para ocorrer, de maneira efetiva, a estratégia Dots. Isso se explica porque a cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Vitória é alta e suportaria todos os pacientes, além de auxiliar na redução da taxa de abandono no tratamento e aumento da taxa de cura. A pesquisa de Paula teve orientação do pesquisador José Fernando de Souza Verani e assistência da pesquisadora Taynãna César Simões. Paula é graduada em Enfermagem (2006) e pós-graduada em Saúde Coletiva com ênfase em ESF (2009). Também é tutora a distância do curso de especialização lato sensu de Gestão em Saúde da Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes).


Publicado em 27/2/2013.

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