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03/10/2007

Editora Fiocruz promove o lançamento de 16 novos títulos

Roni Filgueiras


A Editora Fiocruz promoveu nesta quarta-feira (03/10) o lançamento coletivo de seus 16 novos livros. Um dos mais importantes da recente fornada a sair do prelo da editora é Inovação em saúde: dilemas e desafios de uma instituição pública, que refaz a trajetória do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação. A unidade, criada há 31 anos, responde por 47% das vacinas produzidas no Brasil.


 Entre os livros lançados estão os dois últimos volumes das <EM>Obras completas</EM> de Adolpho Lutz (acima). Lutz inaugurou os estudos sobre doenças como a esquistossomose, a hanseníase e a tuberculose, entre outras

Entre os livros lançados estão os dois últimos volumes das Obras completas de Adolpho Lutz (acima). Lutz inaugurou os estudos sobre doenças como a esquistossomose, a hanseníase e a tuberculose, entre outras


Organizada por um time de historiadores e pesquisadores de áreas biomédicas e de gestão da saúde, incluindo o atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o livro tenta dar conta da realidade e das estratégias de uma instituição pública que se posiciona lado a lado de gigantes farmacêuticas no mercado. Na primeira das três partes do livro (História e imunização no Brasil), Nara Azevedo, Jaime Benchimol e Carlos Fidelis Ponte – três dos organizadores da edição e que já tiveram apoio da Faperj – reconstituem os aspectos históricos. "A idéia é de que pudéssemos falar não só do passado, mas do presente, das questões de produção de vacina feita por uma instituição pública, que enfrenta o forte esquema das multinacionais farmacêuticas", conta Nara.

 

Na segunda (Registros da memória: depoimentos sobre Biomanguinhos), foram reunidos depoimentos de testemunhas oculares de vários períodos da unidade da Fiocruz. "A necessidade de se criar Biomanguinhos veio a partir da conscientização do Ministério da Saúde de que não havia uma estrutura de vacinação para se combater uma epidemia de meningite. Não tínhamos como enfrentar epidemias. Então, importou-se uma fábrica inteira da França, em 1975. Em seguida, Biomanguinhos fez um acordo com o Japão, com transferência de tecnologia para a fabricação de vacina contra o sarampo. E começamos a treinar e criar aprendizado com nossas equipes. E o livro trata disso: como se forma uma instituição com tecnologia brasileira", afirma Nara.


No terceiro capítulo, intitulado Dinâmica industrial e estratégias de inovação em vacinas, artigos assinados por Temporão, pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Carlos Gadelha, e outros examinam as estratégias adotadas pela unidade para se manter competitiva no mercado privado de imunobiológicos. "A Fiocruz tem tradição e Biomanguinhos herdou essa função de produzir vacinas de interesse da América Latina e sem atrativo mercadológico. Agora, enfrentamos as multinacionais, que entraram no mercado de vacinas, quando ele ficou atraente nos últimos 30 anos, com produtos de última geração, com tecnologia que emprega DNA, de alto valor agregado", explica Nara.


Outra das novidades da noite de autógrafos é Adolpho Lutz: obra completa, de Jaime Larry Benchimol e Magali Romero Sá. A monumental obra, em edição bilíngüe, português e inglês, terá seus últimos dois volumes (compostos de cinco livros cada um, em média) lançados na Argumento. O trabalho tem apoio da Faperj e foi agraciado com o 2º lugar na categoria Ciências Naturais e Ciências da Saúde do Prêmio Jabuti. A obra completa traz 12 livros, que podem ser comprados separadamente ou acondicionados numa caixa. Cada livro traz trabalhos relacionados aos temas de interesse de Lutz, com versão fac-símile do trabalho publicado em alemão. Alguns desses artigos, traduzidos para o português, permaneciam inéditos no Brasil.


Com isso, encerra-se a série de títulos de Adolpho Lutz: obra completa, fruto de uma extensa pesquisa iniciada em 2002 e executada pelos historiadores da medicina, da Casa de Oswaldo Cruz da Fiocruz. O trabalho desdobrou-se ainda numa biblioteca virtual de acesso gratuito que traz, por exemplo, uma vasta iconografia deste descendente de imigrantes suíços nascido no Rio de Janeiro, em 1855, formado em biologia e medicina. Lutz inaugurou os estudos sobre doenças animais e verminoses humanas no país, como a esquistossomose e a hanseníase, e doenças infecciosas como tuberculose, febre tifóide, meningite e febre amarela. A biblioteca pode ser acessada aqui.


Os demais títulos que serão lançados hoje são Análise diagnóstica da Política Nacional de Saúde para Redução de Acidentes e Violências, organizado por Maria Cecília de Souza Minayo e Suely Ferreira Deslandes; Assistência farmacêutica e acesso a medicamentos, de Maria Auxiliadora Oliveira, Jorge Antonio Zepeda, Bermudez e Claudia Garcia Serpa Osório-de-Castro; Uma ecologia política dos riscos: princípios para integrarmos o local e o global na promoção da saúde e da justiça ambiental, de Marcelo Firpo de Souza Porto; Saúde mental e atenção psicossocial, de Paulo Amarante; A saúde persecutória: os limites da responsabilidade, de Luis David Castiel e Carlos Álvarez-Dardet Diaz; e Comunicação e saúde, de Janine Cardoso e Inesita Araújo.


Um outro lançamento recente (este da editora Relume Dumará) sobre a história da medicina e da ciência no país é Yes, nós temos Pasteur – Manguinhos, Oswaldo Cruz e a história da ciência no Brasil. O livro de Henrique Cukierman, professor-adjunto do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, lança luzes sobre a construção do Instituto de Manguinhos, o polêmico processo de saneamento da então capital federal e da importância de Cruz, figura de destaque da ciência nacional do começo do século 20.


Fonte: Faperj

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