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29/01/2013

Encontro ressalta ímportância de capacitar melhor os profissionais de saúde para detectar a hanseníase

Isabela Schincariol


O foco na sensibilização dos profissionais de saúde ainda é uma das principais estratégias utilizadas pelo Ministério da Saúde no combate à hanseníase. Na tentativa de controle e erradicação da doença, foram estabelecidas algumas metas, entre elas a queda da incidência de hanseníase para 1 indivíduo a cada 10 mil habitantes. Durante um encontro promovido pelo Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), em parceria com o Ambulatório Souza Araújo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a assistente social Juliana Ribeiro Gomes ressaltou que é preciso capacitar melhor os profissionais de saúde, a fim de que tenham um olhar mais apurado para os sinais mais precoces e sutis da doença.


 Na América Latina, o Brasil é líder no ranking de novos casos de hanseníase

Na América Latina, o Brasil é líder no ranking de novos casos de hanseníase





O dermatologista Ziadir Coutinho, do Centro de Saúde Escola, explica que, no Brasil, as taxas de incidência da hanseníase estão caindo. Segundo ele, ocorreu uma queda de 15% no coeficiente de novos casos de 2010 para 2011. Em 2010, foram registrados 34.894 casos novos e, em 2011, 30.298. Por sua vez, o estado do Rio de Janeiro contabilizou, em 2005, 1.158 casos novos e, em 2007, 1.502.  No entanto, os números baixaram em 2008 e 2009.


Coutinho acrescenta que o país, segundo a OMS, não conseguiu cumprir a meta, firmada em 1991, de ter apenas 1 caso de hanseníase para cada 10 mil habitantes até 2005. Essa meta foi prorrogada por mais três vezes, e o novo prazo é até 2015. De acordo com dados da OMS, quando comparado a todos os outros países do mundo, o Brasil fica apenas atrás da Índia, responsável por 54% de todos os 249 mil casos registrados no mundo. Na América Latina, o Brasil é líder no ranking de novos casos. Ao todo existem quatro principais metas para o controle da hanseníase: baixar a taxa de prevalência para 1 caso a cada 10 mil habitantes; diminuir o percentual de casos encontrados em menores de 15 anos; aumentar o percentual de exames em contactantes (pessoas próximas, que têm grande contato com os doentes de hanseníase) para 80%; e aumentar a taxa de cura de casos novos para 90%.


Para a fisioterapeuta Lilian Pinheiro, o acompanhamento de um profissional da área é fundamental no manejo da doença. “A hanseníase é uma doença crônica e muito complexa. Suas sequelas e a evolução neural continuam evoluindo mesmo após a cura. É o dano neural que causa incapacidades e deformidades. Como o fisioterapeuta é o profissional da reabilitação, ele é muito importante desde o início para avaliar as condições neurológicas sensitivas e indutoras e intervir no principal momento, ou seja, impedir que a deformidade se instale no corpo do paciente. Em um trabalho conjunto com a equipe, o fisioterapeuta deve sinalizar para médicos e neurologistas a presença de inflamações nos nervos que costumam causar deformidades e incapacidades”, observa Lilian.


Lilian acrescentou que a busca do fisioterapeuta é voltada principalmente para um trabalho preventivo. Porém, caso ocorram as deformidades, o foco desses profissionais é reabilitar os pacientes da melhor maneira possível. “Mesmo depois do tratamento, caso ainda fiquem sequelas, podemos também optar para a adaptação do pacientes, pela indicação do uso de órteses para manter o indivíduo o mais funcional possível. Mesmo com todas as possibilidades que temos hoje, ressalto que a melhor opção ainda é a detecção precoce e o acompanhamento médico desde o início do diagnóstico. Isso pode evitar uma série de sequelas e deformidades”, defende a fisioterapeuta.


Já o trabalho dos assistentes sociais tem foco no acolhimento do doente e, em especial, no acompanhamento familiar do paciente. Segundo a assistente social Juliana Ribeiro, a hanseníase é uma doença que engloba toda a família. Por isso, é preciso rastrear os contatos de um doente com hanseníase, como a família e as pessoas mais próximas do convívio do paciente (parentes, amigos, vizinhos e colegas de trabalho).


Publicado em 28/1/2013.

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