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09/08/2006

Entradas e bandeiras na Amazônia


A presença da Fiocruz na Amazônia inspecionando portos, promovendo investigações médicas e sanitárias e, assim, levantando quadros epidemiológicos da vasta região, documentando textual e fotograficamente sua população e meio ambiente ou ainda propondo medidas visando o saneamento do lugar teve início em 1905. Desde de a primeira viagem de Oswaldo Cruz (então diretor-geral da saúde pública), como parte de um trabalho de inspeção a portos brasileiros, até os dias de hoje, inúmeros técnicos e pesquisadores da instituição vêm desenvolvendo trabalhos diversificados na região.

 

 

Em excursão à Amazônia, Oswaldo Cruz (esquerda) e Belisário Penna

Em 1910, Oswaldo Cruz voltou à Amazônia acompanhado de Belisário Penna, para assessorar as obras de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, mais conhecida como Ferrovia do Diabo, porque a malária matava um operário por cada dormente assentado, conforme se dizia na época. O resultado desta viagem foi um plano de profilaxia da doença, do qual constava o suo de mosquiteiros e a aplicação compulsória de quinino nos trabalhadores. No retorno, o cientista parou em Belém, acertando com as autoridades locais uma campanha contra febre amarela, realizada com sucesso no ano seguinte.

Desbravadores - Em fins de 1912, Carlos Chagas, acompanhado de Pacheco Leão e João Pedroso, liderou uma extensa investigação médico-sanitária no vale do Amazonas. Suas observações, anotadas em diário de viagem, foram prefaciadas por Oswaldo Cruz no relatório ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, que contratava os serviços do Instituto preocupado com o declínio econômico da indústria da borracha.

 

 

Residência de seringueiros no Amazonas, 1912

As anotações de Carlos Chagas constituem um amplo levantamento sobre as doenças nas regiões percorridas. Ao lado dessas observações há outras, referentes às condições de vida e trabalho dos seringueiros. Seu relatório apresenta propostas para o saneamento da região, centradas no combate à malária, o duende da Amazônia, segundo Oswaldo Cruz. Há sugestões para que se criem postos-hospitais e lanchas-ambulâncias e para a aplicação de quinino.

Centros avançados - Mas a presença da Fiocruz não se limitou a expedições científicas. A instituição colaborou, de forma decisiva, para a criação de dois importantes institutos de pesquisa daquela região.

Em 1936, Evandro Chagas, pesquisador de Manguinhos e filho de Carlos Chagas, chefiou Comissão de Estudos sobre a leishmaniose visceral, doença descoberta por Henrique Penna ao analisar fragmentos de fígado colhidos para diagnosticar a febre amarela. Suas investigações começaram por focos da doença no Nordeste e no Norte do país. Do grupo faziam parte dois jovens pesquisadores, Leônidas de Mello Deane e aquela que se tornaria mais tarde sua esposa, Maria José von Paumgartten. Naquele mesmo ano foi fundado no Pará o Instituto de Patologia Experimental do Norte (Ipen).

 

 

Barco utilizado por Carlos Chagas em sua expedição à Amazônia, 1912

O Instituto realizou pesquisas sobre malária, leishmanioses, blastomicose, filariose e tripanossomíases, além de trabalhos nas áreas de entomologia, helmintologia, protozoologia. Com a morte prematura de Evandro em acidente aéreo, em 1940, o Ipea passou a se chamar Instituto Evandro Chagas.

Mais tarde, sob a coordenação de Olympio Fonseca Filho, foi criado o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Seu núcleo inicial foi constituído por técnicos do Instituto Oswaldo Cruz e de outros órgãos regionais e do exterior, com a incumbência de estudar botânica, microbiologia e parasitologia.

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