Agência Fiocruz de Notícias

Para quem vai trabalhar como sanitarista ou no campo das políticas sociais e de saúde, como desconhecer o que são as políticas de saúde, o SUS, os determinantes sociais, as condições de saúde e as desigualdades no acesso no Brasil? Apesar do interesse crescente nas áreas de políticas e organização do sistema de saúde, a literatura sobre o assunto ainda se restringe a temas específicos, havendo uma carência importante em publicações abrangentes e de caráter didático. Foi com o intuito de suprir essa lacuna que se produziu o livro Políticas e Sistema de Saúde no Brasil, organizado por Ligia Giovanella, Sarah Escorel, Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato, José Carvalho de Noronha e Antonio Ivo de Carvalho. Composta por 32 capítulos e redigida por 55 autores, a obra – referência para estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação nas áreas da saúde – acaba de ganhar sua segunda reimpressão, publicada em coedição pela Editora Fiocruz e pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

Além de reunir uma multiplicidade de autores com experiência concreta na gestão de serviços e do próprio sistema de saúde, em âmbito municipal, estadual e federal, a coletânea inova ao combinar diferentes eixos de análise: individual e coletivo; clínico e epidemiológico; público e privado. Partindo da premissa de que, para transformar uma realidade, é necessário, antes, compreendê-la, a obra alia conhecimento científico com análise política para fomentar o desenvolvimento de estruturas mais democráticas e inclusivas na sociedade, em geral, e na saúde, em particular.



“A construção do nosso SUS há muito deixou de ser obra exclusiva de intelectuais capazes de ler em língua estrangeira. Temos ‘construtores’ que leem na realidade concreta dos serviços e da gestão, e que participam ativamente do complexo processo de construção cotidiana da saúde”, afirmam os professores Sonia Fleury, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV), e José Carvalheiro, da Fiocruz, no prefácio do livro. Contribuir para a formação desses ‘construtores’ é o objetivo central da publicação, estruturada em torno de dois eixos – a garantia do direito universal à saúde e a redução das desigualdades sociais em saúde.



Para assegurar o cumprimento de seu objetivo, o livro contou com assessoria pedagógica e oficinas de avaliação com professores e estudantes. “Os capítulos aqui apresentados foram, portanto, preparados num processo cuidado de contínuas revisões para que se adequassem ao propósito pedagógico desejado para o livro”, destacam os organizadores. Acompanha, ainda, a publicação um DVD com material didático adicional para o estudo e o debate dos temas de cada capítulo.



Fruto de uma parceria entre o Cebes e a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), a obra foi organizada em cinco partes. Primeiramente, ela contextualiza teórica e historicamente a proteção social em saúde, as políticas, os elementos e a dinâmica do sistema de saúde, as condições de saúde da população brasileira e seus determinantes. A segunda parte analisa o complexo industrial da saúde, questões de ciência e tecnologia, trabalho e emprego. Na terceira, o foco recai sobre a história e a atual configuração do sistema de saúde brasileiro, o que inclui a constituição do SUS e os planos privados. Em seguida, discute-se o SUS em suas variadas dimensões – atenção primária, atenção ambulatorial especializada, atenção hospitalar, saúde bucal, saúde mental, assistência farmacêutica, vigilância epidemiológica e vigilância sanitária. Por fim, são debatidos temas como bioética, tendências e modelos internacionais, participação social, formação superior dos profissionais, saúde dos povos indígenas, Aids e cuidado continuado.

Publicado em 24/10/2011.