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02/02/2009

Estudo inédito da Fundação sobre doença de Chagas ganha prêmio

Isis Breves


O artigo Estratégias de prevenção do acidente vascular encefálico cardioembólico na doença de Chagas, da cardiologista Andréa Silvestre de Sousa, do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz, obteve o primeiro lugar na categoria Cardiologia Geral, no 4º Prêmio ABC de Publicação Científica para os melhores trabalhos publicados em 2008 na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia. “É uma pesquisa inédita, que determina a incidência de acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) em pacientes com cardiopatia chagásica”, resume a autora do artigo. “O AVEi é uma manifestação clínica importante da cardiopatia chagásica. Até então não havia nenhum estudo que definisse sua incidência e os fatores de risco em pacientes com doença de Chagas”, explica Andréa.

 Andréa ao receber o Prêmio ABC de Publicação Científica

Andréa ao receber o Prêmio ABC de Publicação Científica


O objetivo do estudo foi definir estratégias de prevenção do AVEi cardioembólico, uma complicação freqüente e incapacitante da doença de Chagas. “Para a pesquisa foram recrutados e acompanhados, de março de 1990 a março de 2003, 1.043 pacientes do Ipec com doença de Chagas, a fim de determinarmos a incidência e os riscos do evento. Na análise foi possível avaliar pela primeira vez que o chagásico tem uma maior risco para o AVEi em relação aos demais cardiopatas. Isto implica que devem ser desenvolvidas novas propostas de prevenção para o AVEi na doença de Chagas, pois o que se faz hoje como prevenção do evento para um paciente cardiopata sem Chagas não protegeria o paciente chagásico”, esclarece a cardiologista.


Andréa estabeleceu por meio da regressão de Cox, um modelo estatístico, um escore de risco de AVEi correlacionando com a incidência anual do evento para os portadores de doença de Chagas. “Todos os pacientes foram submetidos ao mesmo protocolo de avaliação clínica e epidemiológica, além de realização de eletrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma. Foram mantidos em acompanhamento ambulatorial utilizando medicações específicas direcionadas a sintomas ou presença de cardiopatia. Além disso, duas subpopulações específicas de tratamento foram estudadas separadamente para avaliar a eficácia e a segurança da prevenção de AVEi: um grupo de 52 pacientes em uso de varfarina por aproximadamente 14 meses e outro grupo com 104 pacientes em uso de ácido acetilsalicílico (AAS) por aproximadamente 22 meses”, explica.


Um banco de dados com todas as variáveis estudadas foi construído por meio de um software específico. “Os resultados da pesquisa indicam que novas estratégias de prevenção do AVEi cardioembólico, evento muitas vezes incapacitante e de alto risco, sejam direcionadas às particularidades do chagásico, caracterizados por elevado potencial de complicações embólicas. A profilaxia seria feita com as mesmas drogas utilizadas nos pacientes sem Chagas. A seleção dos candidatos à prevenção é que se diferencia ”, conclui.


O artigo pode ser lido aqui.


Publicado em 2/2/2009.

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