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11/06/2006

Estudo revela condições de higiene em pontos de venda de caldo de cana

Wagner de Oliveira


Uma das bebidas mais populares entre os brasileiros, o caldo de cana costuma ser preparado e vendido por ambulantes nas ruas de cidades brasileiras. Mas quais seriam os impactos de toda essa informalidade para a saúde dos que consumem a bebida? Uma pesquisa realizada em pontos de venda do produto na cidade de São Carlos (SP) traz alguns indicativos da situação.

O estudo indicou que 25% das amostras de bebidas recolhidas de 24 pontos de venda na cidade apresentavam condições sanitárias insatisfatórias, apresentando níveis de coliformes fecais superiores aos permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 37% das mãos de manipuladores do produto também foi detectada a presença de coliformes e em uma das amostras foi identificada a presença da bactéria Escherichia coli, microorganismo geralmente ligado à contaminação da água e de alimentos pro fezes.


A pesquisa, publicada em recente número dos Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, também indicou desconhecimento dos comerciantes de caldo de cana em relação às condições mínimas de higiene. Perguntados sobre as condições de preparação do produto, 62% dos vendedores de caldo admitiram não ter conhecimento ou adotar qualquer prática higiênico-sanitária na manipulação de alimentos.


Para os autores do trabalho, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), os resultados sugerem que a contaminação do caldo de cana está ligada ao uso de equipamentos e utensílios em condições inadequadas de higiene e à falta de asseio no preparo do produto, como pouca freqüência de lavagem das mãos por parte dos vendedores e da limpeza do maquinário usado na preparação da bebida.


Estudos anteriores feitos em pontos de venda de comida na rua já indicaram resultados parecidos. Os dados de um estudo feito no centro da cidade de São Paulo revelaram que 30% da comida vendida nas ruas e levada à análise tinham níveis de coliformes acima do permitido. Outro trabalho sobre contaminação do caldo de cana, realizado na década de 90 em Curitiba, revelou índices mais elevados: 78% das amostras de bebida apresentavam contaminação por coliformes.


Segundo os autores do trabalho em São Carlos, a melhor maneira de reduzir os riscos de contaminação é o esclarecimento dos vendedores de caldo de cana. Especial atenção deve ser dada às condições de higiene no manuseio da bebida e de sua matéria-prima, além do esclarecimento quanto à limpeza de máquinas espremedoras de canas, facas, roupas e mãos de vendedores. Os apreciadores de caldo de cana, que diariamente lotam os balcões de venda da bebida, certamente vão agradecer.


 

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