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26/04/2017

Evento promove conscientização sobre doença de Chagas

Antonio Fuchs (INI/Fiocruz)


A equipe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doença de Chagas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) promoveu, no dia 18 de abril, a segunda Roda de conversa sobre Doença de Chagas. Mantendo a lógica do primeiro encontro, ocorrido em 2016, a reunião levou aos presentes, que lotaram o auditório do Pavilhão de Ensino, em Manguinhos (RJ), uma explicação sobre o que vem a ser a doença, suas características e diferentes apresentações clínicas, além de informar sobre o processo de admissão de pacientes no INI/Fiocruz, a importância de uma alimentação adequada e os direitos que o portador da doença tem com relação ao transporte para consultas e exames.

Hospital Evandro Chagas é a referência estadual no atendimento aos casos de Chagas no Rio de Janeiro (Foto: INI/Fiocruz)
 

Abrindo a Roda de conversa, o cardiologista do INI/Fiocruz Marcelo Holanda apresentou o caso da primeira paciente com doença de Chagas no Brasil, Berenice Soares de Moura, moradora do sertão mineiro, que aos dois anos de idade foi diagnosticada com o mal pelo médico Carlos Chagas, em 1909. Berenice faleceu aos 72 anos. “Apesar de ser uma doença que mata, a pessoa pode viver muitos anos com ela, como o caso de Berenice. Temos que lembrar que a Chagas jamais será erradicada porque os vetores (insetos) que a transmitem estão na natureza. Outras formas de contágio são através da transfusão de sangue, de mãe para filho (mulheres grávidas) e pela ingestão de alimentos contaminados (açaí ou cana de açúcar ou carne de caça, de áreas endêmicas)”, explicou Marcelo.

A doença tem duas fases - aguda e crônica -, e o diagnóstico é realizado através de exames de sangue. A fase aguda pode apresentar sintomas moderados, como febre, coceira e vermelhidão na pele e ainda dor de cabeça, por exemplo, que podem desaparecer sozinhos. Já a fase crônica se divide em duas, a indeterminada, que é assintomática, ou a sintomática, que ocorre em cerca de 30% dos pacientes infectados e, na maioria das vezes, envolve o coração, esôfago ou intestino

“Não existe uma vacina para a doença. Há sim um medicamento para combate-la e quanto mais cedo for o diagnóstico e o quanto antes for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura do paciente. O Brasil é referência mundial para o tratamento desse mal, levando sua experiência a outras localidades pelo mundo. Com o advento da globalização, países considerados não endêmicos como Espanha, Japão, Franca e Itália buscam em nosso país as melhores formas de tratamento por conta de imigrantes portadores crônicos da infecção”, encerrou Marcelo.

“No Brasil, o percentual de transmissão de mãe para filho é bem baixo, em torno de 1 a 2% apenas. Alguns trabalhos revelam que esse valor pode chegar a 5% no Sul do país. Então, de cada 100 mulheres grávidas portadoras da doença de Chagas, apenas uma ou duas terá um filho com a doença por transmissão vertical (da mãe para o bebê). Em alguns países da América do Sul, com Argentina ou Bolívia, esse número pode chegar a 5%”, esclareceu o infectologista Luiz Henrique Sangenis a uma paciente do laboratório.

O pesquisador abordou como é feito o primeiro atendimento ao portador de Chagas no INI/Fiocruz. Ele destacou que o Hospital Evandro Chagas é a referência estadual no atendimento aos casos de Chagas no Rio de Janeiro. Funcionando das 8h às 17h, todo paciente para ele encaminhado realizará exames no mesmo dia – coleta de sangue e eletrocardiograma, após passar pelo pronto atendimento médico devendo, para isso, chegar até 16h. O retorno do paciente é marcado para 30 dias após esse primeiro contato, para obter o diagnóstico final. Sangenis informou ainda que, em 90% dos casos de infecção, as pessoas não sabem que estão com a doença. “Nós não conseguimos identificar quem pegou ou não pegou porque, na maioria das vezes, só 10% vai manifestar algum tipo de sintoma. Somente depois de 20 ou 30 anos, com a pessoa já adulta, é que as manifestações clínicas da doença vão aparecer”.

A nutricionista Paula Simplício destacou a importância de uma alimentação saudável para o paciente de Chagas, sendo aquela que atende todas as necessidades do corpo e se tornando uma excelente fonte de nutrientes. Uma boa alimentação deve contar, de forma equilibrada, legumes e verduras, proteínas, carboidratos e grãos, devendo a pessoa fazer três refeições completas e dois lanches ao longo do dia reduzindo, ao máximo, a quantidade sal, gorduras e açúcares.

Encerrando as apresentações, Ana Cristina Rohem e Jaqueline Pinheiro, do Serviço Social do INI/Fiocruz, esclareceram dúvidas sobre a gratuidade no transporte ao qual o paciente de Chagas tem direito para realizar consultas ou buscar medicamentos, falando sobre os diferentes tipos de vale transporte: RioCard Especial, Vale Social e Passe Livre Interestadual.

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