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14/02/2017

'Fala Manguinhos!' trata da descontinuidade de políticas no bairro

Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)


Desde o término das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2010, o Centro Cívico de Manguinhos – área que concentra diversos equipamentos públicos como a Biblioteca Parque, a Casa do Trabalhador, a Casa da Mulher, e o Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Villa – tem convivido com a falta de investimento público. É o que constata e denuncia a nova edição do jornal Fala Manguinhos!, produzido pela Agência de Comunicação Comunitária local, em circulação desde 2013 nas quinze favelas que compõem o Complexo.

As dificuldades operacionais e de manutenção dos espaços, a não continuidade das obras de infraestrutura, questões de segurança pública, atraso do aluguel social de famílias removidas, e problemas de mobilidade são alguns dos temas abordados em reportagem coletiva produzida para a nova edição do jornal – apoiado pela Cooperação Social da Presidência e pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro por meio do edital Favela Criativa.

“Percebemos o abandono da estrutura da Casa da Mulher, vemos a escola prestes a fechar, até agora não se sabe quando voltam às aulas... A partir disso, nos reunimos e definimos quem cobriria qual setor, e produzimos a matéria coletivamente”, explicou Renata Dutra, repórter colaboradora do Fala Manguinhos!.

As pautas do jornal são previamente discutidas nas reuniões do Grupo de Trabalho de Comunicação do Conselho Comunitário - uma instância de diálogo e articulação que reúne moradores de diferentes favelas de Manguinhos para discussão de temas caros à população local e para proposição de soluções ligadas à área da saúde, segurança, urbanismo, trabalho e renda, comunicação, direitos humanos, entre outros.

Segundo André Lima, historiador, doutorando pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e liderança social de Manguinhos, o Conselho funciona como uma espécie de “câmara comunitária” em que os moradores colocam questões e apontam eventuais iniciativas a serem tomadas pelo grupo de trabalho designado para aquele assunto.

“Ao todo, participam 70 pessoas em cinco grupos de trabalho (GT’s). É um entre os principais lugares de discussão e tomada de decisão de Manguinhos. É dali que parte a concepção de cursos, parcerias com instituições e coletivos, eventos”, disse.

A edição também traz uma nota parabenizando a atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desejando “um excelente mandato” e ressaltando o fato de ter sido “conquistado democraticamente em eleição interna na Fiocruz, confirmado pelo expressivo apoio da comunidade científica e da sociedade”, diz o texto.

Comunicação comunitária e garantia de direitos

A comunicação no território de Manguinhos consta como um dos eixos que estruturam as ações do Projeto de Promoção de Territórios Urbanos Saudáveis da Cooperação Social da Presidência, que prevê e fundamenta as atividades empreendidas pelo órgão ao longo do ano de 2017. Além do mapeamento das iniciativas de comunicação popular, o projeto irá reforçar as atividades da Agência de Comunicação do Conselho com a participação de uma comunicadora popular vinculada à Cooperação.

“Identificamos como estratégica a capacidade do território de fortalecer seus vínculos internos por meio da comunicação e de se mobilizar para conquista de soluções para os problemas vivenciados no dia-a-dia com vistas a uma governança territorial democrática”, analisou Leonídio Madureira, coordenador da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz.

“Um bom exemplo desse potencial é a edição atual do jornal que mobilizou repórteres para dar visibilidade a déficits estruturais nos equipamentos e serviços públicos do bairro”, apontou.

Atualmente o jornal mantém uma página no Facebook, um site, e um jornal impresso de edição bimensal gratuita com tiragem de 10 mil exemplares. No final de 2016, a equipe da Agência de Comunicação realizou o 1° Ciclo de Oficinas de Comunicação Comunitária no Centro de Referência da Juventude e formou 20 comunicadores populares, com apoio da Cooperação Social e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

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