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23/02/2015

Farmanguinhos faz doação de remédios à Venezuela

Alexandre Matos / Ascom Farmanguinhos


Em mais uma iniciativa de âmbito internacional, Farmanguinhos enviou, nesta semana, um total de 160.050 comprimidos do antimalárico artesunato + mefloquina (ASMQ) à Venezuela. Desses, 25.020 foram para tratamento infantil, os demais para uso adulto. A doação foi realizada a partir de uma solicitação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ao Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF), a fim de apoiar o país sul-americano no tratamento de pessoas com a doença.

O coordenador de Assistência Farmacêutica, Antônio Carlos Morais, explicou os motivos dessa triangulação na negociação. “Quando o medicamento é enviado por meio da PAHO (sigla em Inglês para Opas) não é necessário ter registro no país que receberá a doação. Significa que a transação é feita por um fundo rotatório”, frisou.

Morais disse ainda que a doação não causará impacto ao orçamento institucional. “O Ministério da Saúde não nos tem solicitado novas distribuições do ASMQ. O que estamos doando é excedente de produção”, enfatizou. Aqui no Brasil, o ASMQ é um dos medicamentos que fazem parte do programa de combate à malária. Os outros dois são a cloroquina e a primaquina, ambos produzidos por Farmanguinhos.

Totalmente desenvolvido por Farmanguinhos com o apoio da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em Inglês), o ASMQ é um medicamento inovador contra a malária, capaz de curar o paciente em até três dias. Sua formulação em dose fixa combinada de artesunato e mefloquina é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o melhor tratamento contra a malária. O esquema é simples, tanto para crianças, quanto para os adultos, tão fácil como contar 1-2-3. Basta uma única dose de um ou dois comprimidos durante três dias.

Trajetória internacional

Em 2008, o ASMQ foi registrado com sucesso no Brasil. Após transferência de tecnologia para a indústria indiana Cipla, o fármaco foi pré-qualificado pela OMS em 2012 e, nos últimos dois anos, registrado na Índia, Malásia e Mianmar. A unidade envia doações do medicamento a países da América Latina, a fim de combater o surto da doença e registrar o produto na região, para a qual obteve a outorga da Opas, uma espécie de sinal verde para obter a pré-qualificação do medicamento junto à OMS para o continente sul-americano. O objetivo é que, em breve, esteja disponível em outros países da América Latina e do Sudeste Asiático.

Para se ter uma ideia de sua importância, em 2013, o ASMQ foi incluído pela OMS na 4ª versão da Lista de Medicamentos Essenciais para Crianças (EMLC, na sigla em inglês) e na 18ª Lista de Medicamentos Essenciais para adultos (LME, em inglês). A inclusão demonstra a importância da instituição no desenvolvimento de fármacos essenciais para a saúde humana.

Estão sendo desenvolvidas mais pesquisas clínicas relacionadas ao potencial valor terapêutico do ASMQ durante a gravidez e existe um projeto para examinar seu potencial papel em países da África.

A doença

Transmitida pela picada das fêmeas do mosquito do gênero Anopheles, a malária é considerada um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Afeta quase 50% da população em mais de 109 países e territórios. Sua estimativa é de 300 milhões de novos casos e um milhão de mortes por ano, principalmente em crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas do continente africano

No Brasil, a área endêmica está localizada na região amazônica. Para se ter uma ideia, em 2008, aproximadamente 97% dos casos de malária no País se concentraram em seis estados da região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Entretanto, outros três estados compreendidos na região amazônica, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, foram responsáveis por menos de 3% dos casos desta doença no país.

A maioria dos casos ocorre em áreas rurais, mas há registro da doença também em áreas urbanas (cerca de 15%). Mesmo na área endêmica, o risco de contrair a doença não é uniforme. Esta ameaça é medida pela incidência parasitária anual (IPA), que serve para classificar as áreas de transmissão em alto, médio e baixo risco, de acordo com o número de casos por mil habitantes. Apesar dos números, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a quantidade de óbitos causados pela doença caiu para 70% na última década.

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