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19/04/2012

Fiocruz renova acordo com maior instituto de pesquisa da França

Danielle Monteiro


A Fiocruz e o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês) assinaram, na terça-feira (17/4), a renovação do convênio do Laboratório Internacional Associado em Imunologia e Imunopatologia (LIA-Imuno), criado em 2007, com a assinatura de acordo entre as duas instituições. Trata-se de um laboratório virtual que tem, entre outros objetivos, estudar os mecanismos envolvidos na migração de leucócitos – glóbulos brancos do sangue que têm a função de combater e eliminar os microorganismos e estruturas químicas estranhas ao corpo humano – em organismos em condições saudáveis e patológicas. O convênio do LIA-Imuno foi renovado por mais quatro anos.






Os estudos no laboratório, até o momento, foram realizados em organismos normais e afetados por doenças como a diabetes tipo 1 e linfoma (tumor maligno gerado no tecido linfoide). Segundo o coordenador do LIA no Brasil, Wilson Savino, a renovação do convênio vai permitir a investigação em outras condições patológicas. “Vamos incluir o estudo em organismos afetados pela asma brônquica, doença onde a migração de leucócitos é muito importante”, revelou. As investigações, segundo ele, podem levar ao desenvolvimento de novas moléculas com potencial terapêutico capaz de contribuir com o fluxo de leucócitos para um determinado tecido. “Descobrimos novas moléculas que nunca haviam sido evidenciadas em linfócitos (um tipo de leucócito presente no sangue), como sendo relevantes no processo de migração celular. Essa descoberta pode levar a um alvo terapêutico”, afirmou.



A criação do LIA-Imuno também permitiu a formação de recursos humanos, particularmente de estudantes e pesquisadores. A iniciativa, por meio da Capes e CNPq, favorece a obtenção de bolsas de estudo de doutorado e pós-doutorado “sanduíche”, permitindo que os bolsistas adquiram experiências tanto na França quanto no Brasil. “Com a renovação do acordo, vamos dar continuidade à formação de recursos humanos”, disse Savino, ressaltando o estímulo que o Ciência Sem Fronteiras – programa recentemente criado para promover a expansão da ciência brasileira através do intercâmbio internacional – deve dar à formação de profissionais contemplados pela parceria entre o CNRS e a Fiocruz.


Também presente no encontro, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, disse que a parceria permite a integração de pesquisas desenvolvidas por instituições com interesses em comum no estudo de doenças. “A Fiocruz desenvolve muitas pesquisas na área de doenças infecciosas, mas o Brasil está passando por mudanças demográficas que nos incentiva a desenvolver mais estudos no campo de doenças não infecciosas, principalmente relacionadas ao câncer”, disse. “O LIA-Imuno é uma importante demonstração do interesse em trabalharmos juntos para atingir esse objetivo”, acrescentou.


Já o coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, destacou o pioneirismo da Fiocruz na parceria com o CNRS e a importância da renovação do acordo. “A continuidade da parceria significa que o projeto foi muito bem sucedido”, comentou. Ao final do encontro, os participantes discutiram novas possibilidades de iniciativas, principalmente no campo da neurociência. Segundo o diretor do Instituto de Ciências Biológicas da França, que integra o CNRS, Patrick Netter, a renovação do acordo será de grande relevância para os dois países. “A renovação do convênio vai desenvolver a colaboração entre a França e o Brasil, tanto no campo da neurociência como no da infectologia”, afirmou. Além da criação do LIA-Imuno, o termo de cooperação entre o CNRS e a Fiocruz, assinado em 2006, prevê a cooperação em informações e literatura científica por meio do intercâmbio de publicações e periódicos científicos, a organização de conferências bilaterais e seminários, entre outras iniciativas.


O CNRS



Fundado em 1939 e considerado o maior instituto de pesquisa francês, o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) é uma organização financiada pelo governo sob a autoridade administrativa do Ministério da Pesquisa da França. O instituto desenvolve programas interdisciplinares nas áreas de ambiente, energia e desenvolvimento sustentável, nanociências e nanotecnologias, entre outros, por meio de seus sete institutos. O CNRS dispõe de laboratórios em diversas partes da França, alguns que financia e gerencia e outros que mantém em parceria com universidades e organizações de pesquisa.


Publicado em 19/4/2012.

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