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17/05/2013

Fundação detecta, pela primeira vez no país, casos da bactéria hospitalar NDM

Cristiane Albuquerque


Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) detectaram a ocorrência da carbapenemase New Delhi Metallobetalactamase (NDM) em espécies bacterianas colonizandas em cinco pacientes internados no Rio Grande do Sul. Esta é a primeira vez que a bactéria hospitalar é identificada no Brasil. A confirmação foi realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar que atua junto ao Ministério da Saúde, como Centro Colaborador da Rede de Monitoramento Resistência Microbiana Hospitalar (Rede RM), sendo uma Referência em Infecção Hospitalar. Consideradas altamente resistentes a antibióticos, as bactérias produtoras de NDM foram descritas pela primeira vez em 2008, na Índia e, desde então, têm sido amplamente descritas em outros continentes. Na América do Sul, foram recentemente identificadas na Colômbia, Paraguai e Uruguai.

 A NDM está associada ao ambiente hospitalar, causando infecção especialmente em pacientes com imunidade baixa, com alguma doença de base ou que sofreram procedimentos invasivos<BR><br />
(Foto: Gutemberg Brito)
A NDM está associada ao ambiente hospitalar, causando infecção especialmente em pacientes com imunidade baixa, com alguma doença de base ou que sofreram procedimentos invasivos
(Foto: Gutemberg Brito)

 

De acordo com a pesquisadora Ana Paula Assef, do Laboratório Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, a presença de NDM no Brasil indica uma possível disseminação pelo mundo. “A descoberta indica o grande potencial de disseminação do microrganismo, resistente à maioria dos antibióticos disponíveis. Por isso, é imprescindível que as medidas de controle de infecção dentro dos hospitais sejam reforçadas”, explicou.

Semelhante à bactéria Klebsiella pneumoniae, produtora de carbapenemase (KPC), que está relacionada a casos no Brasil desde 2010, a NDM está associada ao ambiente hospitalar, causando infecção especialmente em pacientes com imunidade baixa, com alguma doença de base ou que sofreram procedimentos invasivos, como o uso de cateteres, drenos e ventilação mecânica, por exemplo. É preciso haver alguma porta de entrada: por isso, não ocorre infecção em indivíduos saudáveis. A transmissão não ocorre pelo ar.

Para a pesquisadora, três fatores básicos são necessários para a prevenção. “Para que não ocorra a disseminação da bactéria, é imprescindível que os laboratórios clínicos estejam alertas e preparados para o diagnóstico deste novo mecanismo de resistência e que sejam tomadas medidas de controle da infecção no ambiente hospitalar. Isso inclui o uso de equipamentos de proteção individual, luvas e capotes pela equipe clínica, a manutenção de medidas rigorosas de vigilância, isolamento do paciente, além da adoção de uma política de utilização adequada de antibióticos”, destacou. A especialista recomenda, ainda, o cuidado contínuo com a higiene. “É preciso prestar atenção como os cuidados relacionados à higiene, que não se limitam somente à lavagem das mãos. O ambiente onde está o paciente, o leito, os equipamentos que são utilizados também devem ser limpos”, lembrou Ana Paula Assef.

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