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07/10/2010

Há 70 anos, morria Adolpho Lutz

João Paulo Soldati


Há exatas sete décadas morria um dos mais importantes cientistas brasileiros. Pioneiro da helmintologia, Adolpho Lutz dedicou 30 anos de trabalho ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Para marcar a data, a publicação sobre o cientista ganhou uma versão online gratuita. Nesse material fica-se sabendo o que levou os pais do futuro cientista a atravessarem o Atlântico em busca de uma cidade com belezas naturais exuberantes, clima agradável, ar puro e comida farta. Foi essa a expectativa dos pais de Adolpho Lutz ao deixarem a Suíça rumo ao Rio de Janeiro. No entanto, não foi aquele o cenário que o casal Lutz encontrou na capital do Império brasileiro, no princípio de 1850. O ambiente era sujo, com ruas sem saneamento básico e esgoto a céu aberto. Vivia-se o auge da epidemia de febre amarela, que causou milhares de mortes na então capital brasileira.

 

 Adolpho Lutz e a filha Bertha, em um laboratório de Manguinhos (Foto: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)
Adolpho Lutz e a filha Bertha, em um laboratório de Manguinhos (Foto: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)

Mesmo com todas as adversidades, cinco anos depois, em meio a um surto de cólera na cidade, nascia Adolpho Lutz. Aos dois anos, seus pais decidiram retornar a Berna. O menino cresceu na Europa, dedicando-se intensamente aos estudos durante a juventude. Viveu em cidades europeias – Leipzig, Estrasburgo, Praga, Londres e Paris – e graduou-se em medicina na Universidade de Berna. Aos 26 anos, regressou ao Brasil.

Lutz imprimiu à carreira a marca de sua vasta formação: conjugou a ação em clínica médica com a condução de estudos científicos em laboratório e em campo. Passou por importantes instituições, como o Instituto Bacteriológico de São Paulo. Sua principal área de pesquisa foi a helmintologia – o estudo sobre helmintos, popularmente conhecidos como vermes, causadores de doenças parasitárias. Publicou trabalhos de destaque na área, incluindo temas como ancilostomíase e esquistossomose.

Em 1908, Lutz ingressou no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), então chamado Instituto Soroterápico Federal. Na instituição, integrou o seleto grupo dos cientistas pioneiros de Manguinhos, que incluía Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Foram 30 anos de trabalho nos laboratórios do IOC, que Lutz dedicou principalmente ao estudo dos helmintos parasitos de vertebrados. Sua obra continua viva: as amostras coletadas pessoalmente por Lutz integram até hoje a Coleção Helmintológica do IOC, uma das mais antigas e diversas da América Latina. Marcando as sete décadas de morte do cientista, o livro Adolpho Lutz e a Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz, lançado em 2009, ganha versão online gratuita, que pode ser acessada clicando aqui.

Lutz é descrito na obra como um naturalista com uma curiosidade aguçada e conhecimento vasto. Os pesquisadores Jaime Benchimol, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e Luiz Fernando Ferreira, do IOC, traçaram um panorama da vida e obra de Adolpho Lutz, que mostraram períodos importantes da vida do pesquisador. Para mais informações sobre a vida e obra do cientista, acesse aqui a Biblioteca Virtual de Saúde Adolpho Lutz.

Publicado em 7/10/2010.

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