Início do conteúdo

15/07/2011

Livro que faz exercício analítico sobre o SUS ganha terceira reimpressão

Fernanda Marques


Em diferentes momentos da história da sociedade brasileira, como durante a Primeira República e, mais tarde, nas décadas de 1950 e 1960, houve uma politização do debate sobre a saúde. Também nas décadas 1970 e 1980, a questão da saúde como bem coletivo capaz de reduzir desigualdades sociais foi um dos eixos da luta política do movimento sanitarista. A grande novidade deste movimento, portanto, não foi a politização da saúde, mas sua associação com a democracia. É a partir desta compreensão que se desenvolvem os capítulos do livro Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS, título da Editora Fiocruz que ganha a sua terceira reimpressão.



O movimento sanitarista defendeu e firmou os princípios norteadores do SUS: universalidade, integralidade, participação e descentralização. “A criação do SUS, no Brasil, tem sido também analisada como resultado de um movimento que se apresentou na contracorrente das reformas da saúde de cunho neoliberal”, destacam os organizadores. “Em um contexto internacional refratário a princípios como universalidade e integralidade da atenção à saúde, o caráter inovador da Reforma Sanitária no Brasil foi uma das principais motivações para que a Opas convidasse a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) a organizar o presente volume”, explicam.


Convite desafiador que não poderia ser atendido a contento apenas com os esforços da COC: o livro Saúde e democracia reúne 25 autores de diferentes unidades da Fiocruz e de outras instituições. A obra é dividida em três partes – O Sistema Único de Saúde em perspectiva histórica; Temas centrais para o desenvolvimento do SUS; e Princípios, implantação e desafios do SUS. “Ainda que se considere o SUS como patrimônio da sociedade brasileira, não se poderia pretender estabelecer um texto laudatório em que as tensões, contradições e, ao mesmo tempo, os caminhos alternativos deixassem de ser considerados”, afirmam os organizadores. “Portanto, este livro pretende ser uma contribuição a um esforço coletivo mais amplo, valorizando a pluralidade de perspectiva e o olhar crítico sobre as ideias e práticas que vêm acompanhando a implementação do SUS”, completam.


Entre os assuntos discutidos na primeira parte do livro, destacam-se a história das políticas de saúde, as conferências nacionais de saúde, o significado e o alcance da Reforma Sanitária e a experiência de uma geração de sanitaristas envolvidos na reforma. Já na segunda parte, o debate é voltado para temas como os impactos sobre a saúde dos processos de urbanização e envelhecimento populacional; o financiamento do SUS, inclusive a questão das fontes, a alocação de recursos do governo federal para as esferas estaduais e municipais e a evolução do gasto federal em saúde; as relações das políticas de saúde com as atividades de ciência, tecnologia e inovação; e os trabalhadores da saúde, em especial as implicações da municipalização dos serviços para os recursos humanos. A terceira parte, por sua vez, analisa questões como o processo de descentralização da saúde, as potencialidades e os desafios dos conselhos de saúde, os programas Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família, as relações entre o setor público e o privado e as opções políticas colocadas para os gestores do SUS.


“É um dos mais abrangentes, profundos e qualificados exercícios analíticos sobre o sistema de saúde brasileiro desenvolvido nos últimos anos. Um livro que certamente dará imensa contribuição ao aperfeiçoamento do sistema que generosamente analisa e critica”, opina o sanitarista Paulo Buss, ex-presidente da Fundação e atual coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), que assina o prefácio da obra. Saúde e democracia foi organizado pela socióloga Nísia Trindade Lima, atual vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz); pela também socióloga Silvia Gerschman, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz); pelo historiador Flavio Coelho Edler, pesquisador da COC/Fiocruz; e pelo médico Julio Manuel Suárez, da representação Opas/OMS no Brasil. Publicado pela primeira vez em 2005, o livro foi reimpresso em 2006, 2008 e agora em 2011.


Serviço


Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS

Organizadores: Nísia Trindade Lima, Silvia Gerschman, Flavio Edler e Julio Manuel Suárez

Páginas: 504

Preço: R$ 65

Editora Fiocruz: (21) 3882-9007 | comercialeditora@fiocruz.br | www.fiocruz.br/editora


Publicado em 15/7/2011.

Voltar ao topo Voltar