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04/09/2009

Novo centro une diagnóstico e tratamento por meio da videohisteroscopia ginecológica

Irene Kalil


O Departamento de Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) vem se adequando a uma tendência mundial nas diversas especialidades médicas: as cirurgias minimamente invasivas. Para trazer essa inovação ao âmbito das patologias ginecológicas, o IFF criou, em 2005, o serviço de videoendoscopia e, posteriormente, o curso de pós-graduação em videolaparoscopia e videohisteroscopia, que possibilitou a capacitação de profissionais aptos a melhorar o atendimento prestado. Desde então, tornou-se um dos principais centros de atendimento à mulher em relação a patologias tratáveis por meio de métodos de imagem, realizando cerca de 400 exames de videohisteroscopia por mês. Em entrevista, o chefe do Departamento de Ginecologia do Instituto, Marcio Lamblet, explica por que a inauguração do Centro de Histeroscopia do IFF, que ocorrerá no próximo dia 11, é um avanço a ser comemorado, garantindo o diagnóstico e o tratamento de patologias endometriais, em regime ambulatorial, por meio de uma única intervenção.


 Lamblet: Antes, uma paciente vinha ao Instituto até nove vezes para solucionar o seu problema; com a criação do Centro de Histeroscopia do IFF, ela passará a vir, no máximo, duas vezes

Lamblet: Antes, uma paciente vinha ao Instituto até nove vezes para solucionar o seu problema; com a criação do Centro de Histeroscopia do IFF, ela passará a vir, no máximo, duas vezes


O que é a videohisteroscopia?


Marcio Lamblet: A videohisteroscopia é a visualização, com uma câmera, do interior do útero. Por meio de instrumentais apropriados, guiados por uma câmera de cerca de 2 a 4 mm de espessura, o médico visualiza a cavidade uterina e é capaz de fazer o diagnóstico e o tratamento de diversas patologias que acometem o endométrio, membrana que reveste essa cavidade.


Existe diferença entre a videohisteroscopia e a ultrassonografia transvaginal?


Lamblet: A ultrassonografia transvaginal também é um método de diagnóstico por imagem, mas que não introduz câmera no interior do útero. Através de ultrassom, ela visualiza na tela o que está acontecendo dentro da cavidade pélvica. Já a videohisteroscopia permite a visualização, em tempo real, da patologia que acomete especificamente a cavidade endometrial. Normalmente, a ultrassonografia é um método auxiliar à videohisteroscopia, que pode ser diagnóstica ou terapêutica. O processo ocorre da seguinte maneira: primeiro a paciente é submetida a uma ultrassonografia, que aponta a suspeita de determinada patologia; a partir daí ela é encaminhada à videohisteroscopia diagnóstica, para confirmação do diagnóstico. Caso seja confirmado, neste mesmo dia, é realizada uma videohisteroscopia cirúrgica para a retirada ou tratamento da patologia.


Que patologias podem ser diagnosticadas e tratadas por meio do procedimento?


Lamblet: As principais patologias que acometem o endométrio, ou seja, a camada interna do útero, são passíveis de ressecção videohisteroscópica. Entre as mais comuns estão os pólipos endometriais e endocervicais, pequenos miomas submucosos e a sinequia uterina (aderência da cavidade uterina). O exame de videohisteroscopia também permite o diagnóstico do câncer endometrial e de sangramento uterino disfuncional, além da realização de biópsia endometrial.


No Brasil, quantas mulheres são acometidas pelas doenças passíveis de diagnóstico e tratamento pela videohisteroscopia e qual a faixa etária mais atingida?


Lamblet: Estima-se que 80% das mulheres, em alguma fase da vida, serão portadoras de miomatose uterina. Já o câncer endometrial é considerado o terceiro câncer ginecológico que mais acomete as mulheres, atrás apenas do de mama e de colo de útero. As demais patologias, como pólipos e outras, também são bastante comuns em mulheres de várias faixas etárias, especialmente naquelas com mais de 35 anos de idade.


Que pacientes têm indicação para fazer uma videohisteroscopia e como acontece o atendimento no IFF?


Lamblet: As pacientes que chegam ao Instituto já vêm com um diagnóstico provável por ultrassonografia transvaginal e precisam da confirmação através da videohisteroscopia. Caso o diagnóstico da patologia seja confirmado, a paciente é submetida aos procedimentos cirúrgicos indicados, como exérese ou extirpação de pólipos endometriais (cavidade uterina) e endocervicais (colo do útero), miomectomias, lise ou descolamento de sinequias, retirada de corpo estranho e biópsia de endométrio para identificação de espessamento, câncer e outras patologias.


Qual a inovação trazida pelo Centro de Histeroscopia do IFF?


Lamblet: A grande inovação no atendimento oferecido pelo Instituto Fernandes Figueira com a criação do centro é a união dos dois procedimentos – diagnóstico e terapêutico – em uma única intervenção. A paciente agenda uma consulta com a equipe do IFF tendo em mãos um diagnóstico provável obtido por meio de uma ultrassonografia. Aqui, ela chega em jejum e com acompanhante e é encaminhada à sala da videohisteroscopia. Ao chegar à sala, é entrevistada pelo médico e passa para a mesa de exame. O anestesista já está de prontidão caso seja necessária uma intervenção cirúrgica. É realizado o exame de videohisteroscopia diagnóstica, e, confirmada a patologia, é feita uma pequena sedação da paciente para que, através da videohisteroscopia cirúrgica, a patologia seja prontamente retirada.


Após o procedimento, a paciente é acomodada em uma cadeira de repouso, recebe o lanche e, em uma hora, já pode ir para casa. Antes, uma paciente vinha ao Instituto até nove vezes para solucionar o seu problema; com a criação do Centro de Histeroscopia do IFF, ela passará a vir, no máximo, duas vezes. Com todos os procedimentos sendo realizados em regime ambulatorial, não existe necessidade de internação, o que reduz os custos e os riscos de complicações geradas por possíveis infecções hospitalares.


Publicado em 4/9/2009.

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