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29/03/2006

Pesquisa analisa o comportamento dos pais de adolescentes com deficiência mental

Joyce Santos


Durante a adolescência, meninos e meninas passam por numerosas descobertas. São visíveis as mudanças no corpo, nas relações com as pessoas e nos interesses. No adolescente com deficiência mental, esta fase apresenta as mesmas características e, para muitos pais, estas transformações ocasionam uma série de dúvidas e inseguranças. A partir da experiência de 20 anos acompanhando os conflitos que cercam os adolescentes e seus pais, a pediatra do Instituto Fernandes Figueira (IFF), uma unidade da Fiocruz, Olga Maria Bastos, desenvolveu o tema Entre o desejo e o medo de ver o filho adolescer: narrativas de pais de adolescentes com deficiência mental, como tese de doutorado no próprio Instituto.


O trabalho teve como base 14 entrevistas feitas com os pais de adolescentes com algum tipo de deficiência mental, em acompanhamento no ambulatório do IFF. "As transformações que ocorrem nessa fase da vida necessitam de maior atenção da sociedade e da família. O adolescente deficiente precisa se integrar à sociedade por meio de uma rede social de apoio, que inclua, além dos diversos membros da família, a escola, os locais de atendimento e as organizações não-governamentais", destaca Olga. Com o estudo, a pesquisadora pretende auxiliar os pais na maneira de lidar com o adolescente com deficiência mental e ampliar a discussão do tema entre os profissionais de saúde.


Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005 mostram que dos 14,5% dos brasileiros que apresentam algum tipo de deficiência, cerca de nove milhões têm deficiência mental. Para a médica, a falta de informação sobre o assunto é uma das maiores dificuldades dos pais no momento de encarar esta etapa da vida dos filhos com naturalidade. "Poucos percebem a construção da imagem dos filhos como adolescentes. Os pais não sabem como orientá-los sobre o despertar da sexualidade", afirma Olga.


A pesquisadora afirma que uma educação que propicie a aquisição de habilidades contribui para uma maior independência, contribuindo no desenvolvimento saudável da pessoa com deficiência mental e na redução da superproteção dos pais. "Estes adolescentes devem ser estimulados a viver cada dia da adolescência de forma saudável e exercer a atividade sexual com privacidade", ressalta Olga. Buscar informação e reconhecer que esta é uma etapa importante da vida e, portanto, deve ser valorizada, são as principais recomendações da pesquisadora aos pais. "É preciso quebrar os preconceitos e mitos em torno da pessoa com deficiência mental", conclui Olga.

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