Início do conteúdo

12/08/2011

Pesquisa apresentará perfil dos profissionais de enfermagem do Brasil

Filipe Leonel


Conhecer a realidade e o perfil dos profissionais que atuam no campo da saúde e levantar dados sobre aspectos sociais, formação profissional, mercado de trabalho, além do nível de satisfação no trabalho são importantes ferramentas para a gestão da saúde. Uma equipe de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), coordenada por Maria Helena Machado, há cerca de uma década, traçou um retrato da realidade dos médicos do Brasil. O instrumento, até hoje, é considerado referência básica e obrigatória para planejadores, gestores e pesquisadores da saúde, especialmente os que necessitam compreender aspectos sociodemográficos, formação profissional, mercado de trabalho, ética e organização social e política da corporação médica.


Agora chegou a vez dos enfermeiros. Valendo-se de um trabalho que envolve o Ministério da Saúde, a Ensp - por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Recursos Humanos em Saúde (Nerhus) -, o Conselho Federal de Enfermagem, Associação Brasileira de Enfermagem, Federação Nacional dos Enfermeiros e a Secretaria de Gestão do Trabalho lançaram, em 8 de agosto, em Curitiba, a pesquisa Perfil da enfermagem no Brasil. Coordenada pelas pesquisadoras Maria Helena Machado e Ana Luiza Stiebler, o estudo tem o propósito de reunir informações para conhecer e analisar o perfil das categorias de enfermagem (auxiliar, técnico e enfermeiros), considerando as condições de trabalho, emprego e formação, desde seus aspectos econômicos, sociais, até os aspectos éticos e políticos que envolvem as práticas deste conjunto de profissionais. Em entrevista ao Informe Ensp, a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Machado, descreveu a importância deste trabalho inédito no país. Confira.


Há cerca de uma década a senhora coordenou a pesquisa Perfil dos médicos no Brasil, cujo objetivo era conhecer esses profissionais abrangendo diversos aspectos sociodemográficos, de formação técnico-científica, além da inserção deles no mercado de trabalho. Agora chegou a vez de analisar o perfil dos enfermeiros. Contextualize a pesquisa.


Maria Helena Machado: Da mesma forma que traçamos, há uma década atrás, o perfil dos médicos do Brasil, a Escola Nacional de Saúde Pública, por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Recursos Humanos em Saúde (Nerhus), fará uma pesquisa sobre o perfil da enfermagem. O estudo englobará toda a equipe, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e nosso objetivo é que, nos próximos dez anos, o país discuta o perfil desses profissionais. Portanto, trata-se de uma pesquisa de abrangência nacional, regional e estadual, na qual trabalharemos com cerca de 1,4 mil profissionais da enfermagem. O trabalho será dividido em blocos que trarão informações sociodemográficas, de sexo, idade, origem, linhagem de enfermagem e outros aspectos, como escolaridade dos pais, formação, condições de trabalho, salários, vínculos profissionais, condições de vida e assédio moral.


Queremos reunir informações sobre como esses profissionais se sentem no mundo do trabalho, como veem a política do país, seu grau de satisfação com a profissão, se sofrem discriminação, além de outros fatores. Portanto, trata-se de uma pesquisa que vai abarcar tudo, e guarda uma similaridade muito grande com o perfil dos médicos. Existe até mesmo a intenção de comparar o mundo dos médicos com o dos enfermeiros, no sentido de buscar políticas mais igualitárias, compensatórias e adequadas para esses trabalhadores que são fundamentais ao SUS.


Por conta de sua grande abrangência, a pesquisa pode se tornar um importante instrumento para os gestores da saúde. De que forma o trabalho pode influenciar a melhoria das condições de trabalho e subsidiar a elaboração de políticas públicas?


Maria Helena: Podemos dizer que os gestores terão um excelente material. Uma coisa é você imaginar o que pensa uma categoria de profissionais com contingente de 1,4 milhão de trabalhadores; outra coisa é saber, de fato, o que pensam, o que querem, o que desejam e onde estão seus problemas e facilidades. Trata-se de um instrumento poderoso como o dos médicos, que até hoje é muito usado, e dará cientificidade à realidade. Ou seja, trata a realidade de forma científica, por meio do trabalho de uma equipe técnica da Fiocruz, coordenada por mim e pela Ana Luiza Stiebler, para a qual buscamos dar argumento aos gestores e ao próprio movimento da corporação, como a Aben, Cofen e FNE. Outro ponto é que esse contingente de trabalhadores da enfermagem é fortemente marcado pelo gênero feminino. A pesquisa também permitirá que governo e entidades corporativas formulem políticas mais adequadas, tanto para as mulheres quanto para os homens que exercem a profissão.


De que maneira a equipe está trabalhando na divulgação da pesquisa?


Maria Helena: Faremos uma divulgação parecida com a do perfil dos médicos. Como disse antes, será um trabalho de abrangência nacional, regional e estadual, e terá uma publicação com 27 volumes contendo o perfil de cada estado e região. Além disso, faremos um livro que trará uma análise sociológica da profissão, tomando como base os dados da pesquisa. Em função do volume de pesquisadores dedicados ao estudo, tenho certeza de que teremos muitos artigos, teses, monografias, dissertações, e não tenho dúvidas de que essa pesquisa irá fomentar a política e a produção científica no campo da saúde pública e da enfermagem no Brasil.


Publicado em 12/8/2011.

Voltar ao topo Voltar