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02/04/2015

Pesquisadora relaciona armazenamento de água e disseminação da dengue

Carolina Landi


Devido à falta d´água, pode ter havido uma mudança no perfil do criadouro no Sudeste. A pesquisadora Denise Valle, do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz) levantou essa hipótese, mas reitera que ainda não há nenhuma comprovação da relação direta entre a crise hídrica e o aumento do número de casos de dengue em São Paulo. No entanto, alguns cuidados no armazenamento de água são essenciais para a prevenção da proliferação de larvas.

“No momento em que se tem uma estiagem, a tendência é armazenar água para uso doméstico. Esse é o perfil majoritário dos criadouros do Nordeste, onde essa situação é bem comum. As donas de casa, por exemplo, utilizam água desses recipientes no dia a dia e nem sempre os fecham após o uso. O Aedes tem hábitos diurnos. No Sudeste, os recipientes predominantes tendem a ser criadouros menores, como vasos de plantas, ralos, entre outros”.

Mais um fator determinante no potencial de multiplicação de larvas do mosquito é o tamanho dos reservatórios, que nesse caso, comportam mais água. “A fêmea do Aedes é extremamente oportunista. Ela vai colocar seus ovos em qualquer lugar com água limpa e compatível com a viabilidade da prole. A questão é que tipo de criadouros tem mais chance de suportar o crescimento da larva até a fase adulta”, explica. “Por exemplo, se uma tampa de garrafa, exposta ao tempo, não entrar em contato com a chuva por dois ou três dias, a água vai evaporar antes que a larva complete seu desenvolvimento e atinja a fase adulta. Em compensação, uma caixa d´água, uma piscina mal cuidada ou uma calha sem caimento têm condições de suportar o crescimento até a fase adulta (entre 7 e 10 dias depois que o ovo eclode), e podem contabilizar centenas ou milhares de larvas”.

Para grandes recipientes, como barris e caixas d´água, o recomendado é que sejam vedados após o uso da água. Isso pode ser feito com telas de malha fina e, caso seja necessário, com elástico em volta. É importante lembrar que um recipiente mal fechado pode ser um criadouro do Aedes mais eficiente do que um recipiente aberto: esta espécie prefere locais sombreados onde pode, inclusive, se esconder. A utilização de produtos químicos (inseticidas) não deve ser considerada como a primeira opção de controle, mas sim como uma medida complementar. De acordo com Denise, esse tipo de produto pode resultar na resistência de algumas espécies. “O Ministério recomenda o tratamento com inseticidas apenas daqueles recipientes que não podem ser eliminados ou vedados. 

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