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08/01/2013

Revista 'Memórias do IOC' aborda a eliminação de vetores da doença de Chagas em El Salvador


A revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) acaba de publicar sua oitava e última edição regular do ano de 2012. Dentre os destaques internacionais do número estão as políticas que viabilizaram a eliminação de duas espécies de triatomíneo transmissores da doença de Chagas em El Salvador, bem como um método de armazenamento mais eficaz para amostras de fezes com suspeita de contaminação por Giardia intestinalis. A eficácia da vacina recombinante contra hepatite B entre adolescentes brasileiros sexualmente ativos e um estudo sobre a ocorrência de tuberculose vertebral na era do Império Romano também compõem a edição. Já na seção Readers Opinion, pesquisadores do Instituto Pasteur discorrem sobre métodos de avaliação laboratorial da competência vetorial de mosquitos aos vírus da dengue. Confira, gratuitamente, a versão online  do periódico.


 O <EM>Triatoma dimidiata</EM>, um dos responsáveis pela transmissão da doença de Chagas

O Triatoma dimidiata, um dos responsáveis pela transmissão da doença de Chagas





Segundo estudos epidemiológicos promovidos pelo Ministério da Saúde de El Salvador, desde 1995 não é registrada a ocorrência do Triatoma dimidiata e do Rhodnius prolixus, triatomíneos responsáveis pela transmissão da doença de Chagas e encontrados em abundância no país. No estudo, realizado por pesquisadores da Universidad de El Salvador, pela Agencia de Cooperación Internacional de Japon e pelo Ministério da Saúde, são discutidos os motivos que levaram à eliminação dos vetores. Dentre eles, está a redução do número de cabanas de palha, habitat natural do inseto, de 33% em 1971 para 0,5% em 2007. O vasto uso de inseticidas para controle de malária e a urbanização promovida em áreas rurais a partir de 1989 também são considerados fatores determinantes para o controle das espécies.


Tuberculose milenar


Em 2009, foram encontrados nas proximidades da cidade húngara de Győr, antiga província romana da Panônia, três esqueletos completos dos séculos 3 ou 4 depois de Cristo. A análise morfológica apontou que um deles – pertencente a uma mulher entre 25 e 30 anos – tinha lesões na espinha características da tuberculose vertebral, forma extrapulmonar do agravo e também conhecida como doença de Pott. Em busca de marcadores que confirmassem o diagnóstico, pesquisadores de sete instituições da Hungria submeteram amostras de ossos a testes moleculares. Embora as lesões também pudessem indicar osteomielite, osteoporose, metástase ou até mesmo fraturas, foram identificados diversos fragmentos de peptídeos próprios de proteínas de micobactérias. Dentre elas, a subunidade A de fumarato redutase, enzima que atua no metabolismo do agente etiológico da tuberculose.


Parasitas conservados para o diagnóstico


Seres humanos, aves e variadas espécies de répteis e mamíferos podem contrair a giardíase, doença que causa diarreia crônica, cólicas, deficiência vitamínica e até mesmo a morte. No entanto, detectar o protozoário Giardia intestinalis nas amostras de fezes de humanos pode se mostrar tarefa difícil. A presença de sais minerais, ácidos e outras substâncias produzidas pelo próprio hospedeiro pode inibir a amplificação do DNA do parasita, produzindo, desta forma, resultados falso-negativos. Neste sentido, pesquisadores da Erciyes University, na Turquia, investigaram as seis formas de armazenamento de amostras mais comuns. Foi identificada como a mais eficaz a solução a 2,5% de dicromato de potássio, que garante a integridade da amostra por até um mês..


Imunização eficaz


No Brasil, a vacina recombinante contra o vírus da hepatite B (HBV) é produzida pelo Instituto Butantan e foi incluída no Programa Nacional de Imunização em 2000. Para avaliar sua eficácia a médio prazo, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) analisaram a concentração de anticorpos anti-HBV em 89 adolescentes sexualmente ativos durante os seis anos subsequentes à imunização. Cerca de 95% deles permaneceram protegidos contra a doença. Onze deles apresentaram, ao longo da pesquisa, aumento drástico na concentração de anticorpos, sugerindo uma exposição ao vírus. Prostituição, uso de cocaína, realização de tatuagens e piercings foram associados ao aumento destes níveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase meio milhão de pessoas convive com a hepatite B no mundo e 1 milhão morre todos os anos em virtude de complicações da doença.


Publicado em 7/1/2013.

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