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09/05/2011

Saúde maternal e infantil no Brasil: progressos e desafios


Acredita-se que os aperfeiçoamentos em intervenções de sobrevivência infantil (incluindo vacinações), nutrição e acesso ao sistema de saúde tenham contribuído com grandes reduções na mortalidade de crianças com menos de 5 anos no Brasil, que reduziu cerca de 5% ao ano nos anos 1980 e 1990, e por volta de 4% ao ano desde 2000, para uma taxa de 20 crianças mortas a cada grupo de 1000, das quais dois terços morrem antes dos 28 dias.


Neste segundo artigo, o professor Cesar G. Victora, da Universidade Federal de Pelotas (RS), e outros autores dizem que a melhoria da educação das mulheres e a urbanização da população também contribuíram para esse grande progresso. A prevalência do nanismo de âmbito nacional reduziu de 37% em 1975 para 7% em 2007, com as diferenças entre as regiões também decrescendo. O tempo médio de amamentação cresceu de cerca de 3 meses nos anos 1970 para 14 meses em 2007.


Os dados sobre mortalidade materna não são muito claros, com alguns estudos sugerindo que não houve mudanças nos últimos 10 anos enquanto outros mostram um declínio anual de 4%, com uma atual de mortalidade materna estimada entre 50 e 60 por 100.000 pessoas: alguns 5 vezes ou mais que países de alta renda.


Um desafio central está levando os índices de cesarianas para baixo: o Brasil tem a mais alta taxa de cesarianas do mundo, e quase metade dos partos (47%) se dão por esse método (80% no setor privado versus 35% no SUS). Essa é três vezes a taxa recomendada pela OMS (15%) e coloca mães e bebês em um crescente risco de complicações e morte. Metade das cesarianas que são realizadas são planejadas com antecedência. E 10 nascidos mortos por 1000 nascimentos, o índice de natimortos do Brasil é mais que o dobro o dos países de alta renda.


Uma vez que abortos induzidos são ilegais no Brasil (exceto em casos de estupro ou risco médico para a mãe), muitos abortos realizados são ilegais. Estima-se que 1 milhão de abortos induzidos são realizados a cada ano, e complicações de abortos inseguros/ilegais geram 215.000 atendimentos para o SUS, o qual apenas cumpriu 3230 abortos. 


Enquanto observa que há mais trabalho a ser feito para levar os índices ao nível daqueles dos países de alta renda, os autores concluem: “A taxa de redução de nanismo, mortalidade infantil, e fertilidade estão entre as mais rápidas já registradas no mundo... um imenso desafio é como alcançar aqueles que são difíceis de atingir, tais como as populações rurais da Floresta Amazônica e da região Nordeste, incluindo aqueles que vivem em 10% dos municípios brasileiros que não têm acesso a médico.”


Para ler o artigo em português, acesse: http://press.thelancet.com/brazilpor2.pdf


Publicado em 9/5/2011.

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