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25/08/2005

Tecnologia de Realidade Virtual auxilia aprendizagem a distância

Catarina Chagas


Em um país extenso como o Brasil, a educação só pode ser um grande desafio. Quando se trata da formação de trabalhadores da saúde, então, a questão torna-se ainda mais difícil. Membro da coordenação do Programa de Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (EAD/Ensp/Fiocruz), Elomar Castilho Barilli trabalha no desenvolvimento de um ambiente de Realidade Virtual (RV) que possa auxiliar o processo de aprendizagem de profissionais de todo o Brasil no curso de Vigilância Nutricional e Alimentar na Atenção à Saúde. Elaborado em parceria com a Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), o projeto deve ser implantado em 2006.


Desde 1998, o EAD forma trabalhadores de saúde em cursos desenvolvidos de acordo com a linha construtivista, diretriz educacional que aposta em uma parceria do aluno com o professor na construção do conhecimento. Aberto a todos os interessados, o curso de Vigilância Nutricional e Alimentar na Atenção à Saúde oferece aos alunos de todo o Brasil uma possibilidade de formação que, há cerca de dez anos, era disponibilizada apenas presencialmente. "O acesso a esse saber é essencial, porque permite formar trabalhadores de saúde espalhados por todas as regiões", explica Barilli. "Esses agentes comunitários são responsáveis pela coleta de dados ligados ao perfil nutricional da população, fonte de importantes políticas de saúde".


Segundo a pesquisadora, embora os indicadores de alimentação e estado nutricional sejam conseguidos por procedimentos básicos como medir, pesar e registrar resultados, os dados obtidos muitas vezes não são confiáveis porque os agentes comunitários de saúde não foram adequadamente capacitados para executá-los. "Sentimos a necessidade de possibilitar essa formação, mas, por outro lado, enfrentamos uma grande dificuldade: como um curso a distância poderia desenvolver competências motoras, como calibrar uma balança ou pesar um bebê?".


Para solucionar o problema, a equipe do EAD assumiu algumas estratégias, como a criação de pólos descentralizados nas universidades federais de todo o país, onde o aluno pode ter um encontro presencial com o professor e contar com docentes locais formados pela Ensp. Para melhorar ainda mais o ensino, surgiu a idéia de utilizar a tecnologia da Realidade Virtual como complemento do material pedagógico. "Apesar de o curso já contar com um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) destinado à comunicação e à interação da comunidade de aprendizagem, o AVA complementar baseado em RV facilitará a aprendizagem da execução das tarefas de pesar, medir e registrar", conta Barilli.


Acessado pelos alunos matriculados através da internet, o programa possibilitará ao aluno visualizar, manipular instrumentos virtuais (balança, régua etc), interagir com a simulação dos procedimentos antropométricos em tempo real e, ainda, avaliar o conhecimento apreendido por meio de um estudo de caso. Dessa forma, após ler o material pedagógico oferecido pelo curso, o aluno passará ao AVA complementar para conhecer e experimentar os aparelhos que deverá aprender a utilizar. "É um objetivo de aprendizado muito simples, porém, para que a coleta de informações seja eficaz, precisa ser muito bem executada", alerta a pesquisadora.


Executada com apoio dos ministérios da Saúde e da Educação e Cultura, a pesquisa já está em fase de finalização e o AVA complementar deve ficar pronto até o final de 2005. Em seguida, o curso promoverá a capacitação dos professores/tutores na interação com o novo ambiente para, então, possibilitar a sua utilização plena pelos alunos

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