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22/07/2010

Trabalhos sobre colesterol e papel do farmacêutico dão prêmios a pesquisadores

Jamerson Costa


A comunidade do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) volta integrar a lista de vencedores de prêmios nacionais e regionais. Desta vez, o médico e aluno de doutorado Marco Polo Dias Freitas, do Laboratório de Epidemiologia (Leam), foi escolhido um dos três ganhadores do 4º Prêmio em Pesquisa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Além do doutorando, a premiação será concedida às pesquisadoras Clarice Correia, de Pernambuco, e Nagele Hahn, de São Paulo. Freitas receberá as láureas no 17º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia  (CBGG-2010), entre os dias 28 e 30 de julho, em Belo Horizonte. O trabalho inscrito é o primeiro artigo do estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Fiocruz Minas, com ênfase em saúde coletiva e orientação da chefe do Laboratório de Epidemiologia, Maria Fernanda Lima Costa.


 Um dos trabalhos da Fiocruz Minas que foram premiados trata do papel do farmacêutico na saúde coletiva

Um dos trabalhos da Fiocruz Minas que foram premiados trata do papel do farmacêutico na saúde coletiva


No mês de junho, outro pesquisador vinculado ao Programa ficou entre os melhores de uma premiação. Parte da dissertação de mestrado de Luciana Tarbes, desenvolvida no CPqRR, com orientação das doutoras Celina Modena e Zélia Profeta, ficou entre os vencedoras de uma das dez áreas de premiação do 1º Prêmio Aluísio Pimenta de Assistência Farmacêutica do Estado de Minas Gerais.


Colesterol



No primeiro artigo feito por Marco Polo no doutorado, e como base para o desenvolvimento da tese do estudante durante o curso de pós-graduação do CPqRR, ele realizou estudos que relacionam a baixa do colesterol considerado “bom” – o HDL – como um fator de medição para identificar a possibilidade de desenvolvimento da hipertensão em idosos. Com o título Colesterol HDL baixo é um preditor independente para a hipertensão em idosos: 3 anos de seguimento – estudo de coorte de Bambuí, o artigo foi classificado em 2º lugar entre todos os textos submetidos de todo o Brasil.


O doutorando ganhará um prêmio em dinheiro e os cumprimentos pelo texto produzido durante a cerimônia de abertura do CBGG-2010, em 28 de julho, e fará a apresentação do trabalho na manhã do dia seguinte. Os três vencedores foram escolhidos por comissão científica definida para selecionar os melhores trabalhos originais de pesquisa básica ou de intervenção na área do envelhecimento. Marco Polo Dias Freitas é médico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2004, completou o mestrado em clínica médica pela mesma instituição. Atualmente, é médico do Hospital da Universidade de Brasília (UnB).


A hipertensão e o HDL baixo em idosos


O médico e estudante de doutorado desenvolveu o trabalho, escolhido entre os três melhores inscritos no 4º Prêmio em Pesquisa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), como primeiro artigo feito para o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Fiocruz Minas. Ele se baseou em um estudo realizado para avaliar a incidência de hipertensão na população idosa de Bambuí, cidade que abriga um ponto de apoio à sede da unidade mineira, que fica em Belo Horizonte. O trabalho foi feito por um grupo de pesquisadores entre 1997 e 2000, com toda a população com idade superior a 60 anos moradora do município.


Na pesquisa, foi realizada uma avaliação da dislipidemia, que são as alterações nos níveis de colesterol de um grupo de pessoas. Foram avaliados diferentes componentes do colesterol, entre eles o HDL, conhecido como “o colesterol bom”, que beneficia o organismo se for encontrado em maior quantidade. “O estudo indica que, numa população de idosos, o HDL baixo foi preditor do surgimento de hipertensão num período, que são os três anos de pesquisa”, aponta Marco Polo. Isso significa que os idosos com mais de 60 anos que apresentavam, entre as variáveis, o colesterol HDL baixo eram mais propensos a ficar hipertensos.


A princípio, todos os idosos da cidade, mais de 1,7 mil pessoas, foram incluídos na pesquisa. Destes, foram excluídos os que já tinham algum tipo de problema cardiovascular, os que já eram hipertensos ou tinham outro caso relacionado. No final, 306 idosos se tornaram elegíveis. Destes, 114 desenvolveram hipertensão durante os três anos de estudo, de 1997 a 2000. Os afetados eram, em geral, os que apresentam HDL, ou o colesterol bom, em níveis mais baixos.


Entre os motivos que diminuem o HDL, e ao mesmo tempo elevam o colesterol total, estão o sedentarismo e a alimentação inadequada. Para o pesquisador, a média de hipertensos em Bambuí está de acordo com os níveis verificados no Brasil e nos latinoamericanos de um modo geral, em que a hipertensão atinge 65% da população.


“Esse é o primeiro estudo de coorte (quando um grupo de pessoas é acompanhado por pesquisadores durante certo período) que relaciona HDL e hipertensão na América Latina, pelo nosso conhecimento. Pelo menos na população brasileira, com certeza, este é o primeiro”, diz. “É um estudo muito recente e só nos últimos 20 anos que o HDL tem sido estudado como fator de risco”, analisa. “A hipertensão reduz em até 60% as chances de problemas cardiovasculares se as causas dela forem controladas. Ou seja, a hipertensão é evitável. E o que nós procuramos fazer neste trabalho é buscar as causas dela”, conclui.


O farmacêutico na saúde coletiva


O trabalho de Luciana Tarbes, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do CPqRR tem como título O farmacêutico na saúde coletiva: sua identidade, demandas do serviço e o papel do Internato Rural na sua formação foi realizado com a orientação de Celina Modena e Zélia Profeta. Para o concurso, Luciana adaptou o texto, inscrevendo o artigo O papel do internato rural na formação do farmacêutico para a assistência farmacêutica no contexto do SUS, que deu à pesquisadora o segundo lugar em uma das dez áreas de premiação.


Ela concorreu na categoria Educação Farmacêutica Promovendo a Inserção de Graduandos de Farmácia nas Ações de Assistência Farmacêutica no Âmbito do SUS. Segundo a pesquisadora, além de uma premiação em dinheiro, todos os artigos serão publicados em um livro, que será editado sob a responsabilidade da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica. “Deve ser publicado ainda neste semestre, até o final do ano”, esclarece. “O período de inscrição era curto e todos inscreveram um trabalho que já estava feito, de uma experiência que já haviam participado, porque não dava tempo de começar a fazer uma pesquisa”, diz.


O estudo conquistou o segundo lugar na categoria, atrás do trabalho desenvolvido por Daniela Santos Angonesi Mendes, professora de Luciana ainda na graduação. Esta é a primeira edição do Prêmio Aluísio Pimenta, promovido pelo governo mineiro e pelo Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG). Luciana Tarbes começou os estudos em farmácia no Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, e se tornou mestre em Ciências da Saúda pela Fiocruz Minas. Hoje, é aluna de doutorando na UFMG, no campo de ciências farmacêuticas, e coordena os cursos de pós-graduação lato sensu da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), onde trabalha desde 2008.


Publicado em 22/7/2010.

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