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26/09/2016

2º Seminário de Segurança do Paciente debate inovação

Antonio Fuchs e Juana Portugal (INI/Fiocruz)


O segundo e último dia (16/9) do II Seminário de Segurança do Paciente trouxe uma série de experiências exitosas apresentadas em palestras, mesas redondas, rodas de conversa e sessões pôsteres, perpassando questões para além dos protocolos estabelecidos na Programa Nacional de Segurança do Paciente, do Ministério da Saúde. Os destaques ficaram por conta da entrega do Prêmio de Inovação em Qualidade e Segurança do Paciente e a exibição do curta Um olhar para a segurança, produzido pela equipe do Núcleo de Segurança do Paciente do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).

A primeira atividade do dia foi a mesa redonda Inovação e Segurança do Paciente, reunindo a vice-diretora de Qualidade e Informação do INI/Fiocruz, Marilia Santini, o vice-diretor de Atenção à Saúde do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Carlos Eduardo Figueiredo, e o coordenador do Núcleo de Segurança do Paciente do INI/Fiocruz, Eduardo Corsino. Marilia começou sua explanação destacando que inovação é diferente de criatividade que, por sua vez, também difere de invenção. “Inovação refere-se a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. É um procedimento que inclui as atividades técnicas de concepção, desenvolvimento e gestão, resultando na comercialização de novos (ou melhorados) produtos ou na utilização de novos (ou melhorados) processos”, disse.

A vice-diretora apresentou as seis metas internacionais de segurança do paciente, que buscam promover melhorias especificas e ações que garantam a segurança do paciente na prestação do cuidado, destacando as áreas problemáticas da assistência à saúde e apresentando soluções consensuais para esses problemas. São elas: identificar o paciente corretamente; melhorar a comunicação entre profissionais de Saúde; melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos; assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos; higienizar as mãos para evitar infecções; e reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão. Marilia destacou ainda que envolvimento direto da Direção da instituição, aliado a um bom planejamento estratégico, são peças vitais para estabelecer uma cultura institucional quanto à importância da segurança do paciente.

O vice-diretor do IFF/Fiocruz, Carlos Figueiredo, enfatizou durante a sua fala que considera vital o empoderamento dos pacientes e de suas famílias, para que eles possam cobrar das equipes de saúde condutas adequadas para sua própria segurança, reduzindo assim a possibilidade de sofrerem eventos adversos. Figueiredo acredita ser fundamental para que a Fiocruz fomente mais pesquisas que gerem impacto para a sociedade brasileira, uma parceria maior com as universidades públicas, de forma a ampliar a troca de conhecimento. A exitosa experiência do IFF/Fiocruz com a iniciativa do Banco de Leite Humano (BLH), que revolucionou e alavancou a política de amamentação brasileira, foi citada como exemplo. “Essa foi uma inovação nossa, disseminada por todo o país e que chegou ao exterior. Hoje, o mundo conta com mais de 300 BLH. Essa experiência é uma prova clara de uma política efetiva de alto impacto e que reduz a mortalidade infantil”, informou.

Debate sobre curta-metragem

Um olhar para a segurança, curta produzido e realizado pela equipe do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) do INI/Fiocruz, foi um dos destaques do 2º Seminário. Segundo o diretor do vídeo e Coordenador do NSP, Eduardo Corsino, a ideia dessa dramatização é justamente mostrar uma forma diferente de trabalhar a cultura de segurança do paciente. “Pensamos de que forma poderíamos atingir uma grande quantidade de pessoas e levar esse importante assunto para reflexão através das diversas situações que ocorrem dentro das unidades hospitalares. A proposta é que o vídeo propicie a discussão do tema e a apresentação de respostas que resultem na melhoria nos percentuais de eventos adversos nos ambientes de saúde”, explicou.

O vídeo, que estará em breve no site do INI/Fiocruz, narra a história de uma residente de enfermagem, atormentada por sua consciência em relação às responsabilidades de sua profissão, que passa por um evento trágico no trabalho. O curta-metragem foi escrito por Corsino e produzido com a parceria do Instituto Nacional da Mulher Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), do Canal Saúde, da Câmara Técnica de Qualidade e Segurança dos Hospitais Federais (CTQS) no Rio de Janeiro, do Instituto Nacional de Câncer  (Inca), do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj), do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) e do Instituto Federal  de Educação, Ciência e Tecnologia - Rio de Janeiro (IFRJ/Realengo).

Após sua exibição, o elenco do filme se reuniu para um debate com os presentes. Dois pontos foram intensamente destacados na ocasião. O primeiro foi a utilização de profissionais de saúde como atores na produção, fazendo com que o público se veja na realidade retratada no curta, e o segundo foi a possibilidade de identificar cada um dos eventos adversos que ocorre durante a dramatização para que, aqueles que estejam assistindo, possam refletir sobre os problemas ocorridos e compará-los com seu cotidiano.

Inovações em Segurança do Paciente

Duas inovações, uma implementada e outra em fase de desenvolvimento, foram expostas na última mesa redonda do evento: Apresentação de Inovações em Qualidade e Segurança do Paciente INI e IFF/Fiocruz. A atividade contou com a participação de Carlos Renato Alves, coordenador do NSP/IFF, Fernanda Maia, terapeuta ocupacional do IFF/Fiocruz, Diogo Dias, chefe do Serviço de Tecnologia da Informação e Comunicação do INI/Fiocruz, e Eduardo Corsino, coordenador do Seminário.

A primeira inovação apresentada foi o trabalho Prevenção de quedas em pediatria, de Carlos Renato Alves e Fernanda Maia, do IFF/Fiocruz. O projeto busca estabelecer uma padronização para os berços hospitalares, algo inexistente do país e que vai de encontro à padronização em uso nos berços domiciliares. Segundo os autores, utilizar essa estratégia no desenvolvimento de um mobiliário seguro, sem o esquecimento de sua ergonomia, pode reduzir muito a queda de crianças. Números subnotificados revelam que as quedas em pacientes hospitalares produzem danos em 30 a 50% dos casos, sendo que, desse total, de 6 a 44% podem ser graves. No caso específico de prontuários infantis, os autores analisaram 200 em todo o país e 80% relataram alguma queda sofrida pela criança.

SegPac é o nome do aplicativo lançado pelo Núcleo de Segurança do Paciente do INI/Fiocruz e já está disponível na Google Play (em breve também na Apple Store). Segundo Corsino, o aplicativo busca auxiliar o profissional de saúde em desenvolver metas de segurança do paciente através de lembretes adicionados pelo próprio usuário. No momento é possível utilizar a opção Prevenção de Úlceras, onde o usuário incluirá o nome do paciente, o leito onde ele está e a posição que deverá ser virada (decúbitos laterais esquerdo e direito, ou dorsal). Novas funcionalidades serão implementadas, com as atualizações, para as seguintes metas: Identificação do Paciente; Comunicação Efetiva; Medicamento Seguro; Cirurgia Segura; Lavagem de Mãos; Risco de Queda; e Gestão de Risco.

Premiações

Três trabalhos foram selecionados como finalistas ao Prêmio de Inovação em Qualidade e Segurança do Paciente e cada autor teve dez minutos para expor seu projeto, na tarde do dia 16/9. Foram selecionados: Relatório iniciativa inovadora – Ação com música nos setores do Hospital Israelita Albert Sabin – HIAS, de Débora Magalhães; A caracterização e a responsabilidade dos profissionais mediadores da qualidade e segurança do paciente, de Suellen Sales e Cintia Fassarella, e; Checklist de revisão de processos assistenciais – instrumento educacional e de vigilância da segurança do paciente em um hospital universitário, de Tony de Oliveira Figueiredo.

A vencedora do Prêmio foi Débora Magalhães com um trabalho que visa reconhecer e fortalecer as ações de melhoria, maximizando o envolvimento e motivação dos profissionais de saúde, de forma articulada e integrada aos processos de gestão de risco. Seu projeto resultou numa campanha interna de incentivo à notificação no Hospital Israelita Albert Sabin. Através de uma música composta por ela, a autora visitava os diversos setores do hospital com o intuito de ampliar o preenchimento de dois formulários de notificação de eventos/não conformidades pelos profissionais. O resultado da iniciativa foi positivo. Em junho de 2015, quando começou a iniciativa, 166 casos foram notificados. Em julho, o número passou para 244, sendo que setores como almoxarifado, auditoria e faturamento, que nunca haviam feito alguma notificação, passaram a preencher os formulários.

Encerrando a programação do Seminário, foi realizada a premiação dos quatro trabalhos selecionados nas sessões de pôsteres. Na categoria Relato de Experiência: A educação sobre prevenção e manejo das lesões como estratégia de intervenção para melhoria da assistência de enfermagem (Denis Fernandes da Silva Ribeiro) e Logística de recebimento de medicamentos em um hospital federal e a segurança do paciente: um relato de experiência (Erica Carvalho da Silva Alves Silveira). Na categoria Trabalho Científico: Proposta de elaboração de painel de símbolos em produtos para a saúde: um instrumento para a qualidade no âmbito sanitário (Gleyce Carolina Santos) e Aquisição de medicamentos e a segurança do paciente: dispositivos legais aplicáveis às licitações públicas (Patrícia Helena Castro Nunes).

Confira a cobertura do primeiro dia do evento.

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