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13/06/2007

A criação do Fiocruz Pra Você


Início de 1994. O clima na Fiocruz é tenso. Balas perdidas, ameaças vindas das favelas próximas à Fundação, que está situada numa região do subúrbio do Rio de Janeiro onde vivem cerca de 30 mil pessoas em comunidades carentes (várias delas atendidas pelos serviços de saúde da Fiocruz). A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) chegou a estudar a possibilidade - depois descartada - de blindar seus vidros. A comunidade da Fiocruz discutia qual o melhor enfrentamento para a situação que vivia.


Julho de 1994. No lugar de levantar muros, erguer cercas e instalar blindagens em diversos prédios de seu campus, a Fiocruz decide-se por uma integração ainda maior com as comunidades do seu entorno criando um grande evento de promoção de saúde. No Dia Nacional de Vacinação, a Fundação vira uma festa. Moradores da região “invadem” a Fiocruz para participar do 1º Fiocruz pra Você , evento idealizado pela Coordenadoria de Comunicação Social, visando uma perfeita integração entre a Fundação e as comunidades vizinhas, aproveitando a data do Dia Nacional de Vacinação.


Em11 de junho de 1994, um sábado, a Fiocruz abriu suas portas à população do Rio de Janeiro. E pôde comprovar o sucesso do evento: foram mais de 15 mil pessoas circulando pelo campus, onde podiam não só vacinar seus filhos como também passear por uma feira de ciências, aprendendo noções básicas de saúde, medindo pressão arterial, vendo como se produz vacinas através de um mini-laboratório e obtendo informações sobre como driblar a Aids, benefícios do aleitamento materno, informações sobre insetos e parasitas causadores e transmissores de doenças.


Conseguiu-se mobilizar mais de 800 voluntários da Fiocruz, trazer artistas de fama nacional, como as atrizes Letícia Sabatella e Maitê Proença, e ampla divulgação na imprensa, comprovando o espírito de cidadania do evento. Depois de tantos dias tensos, em que a violência rondava a Fiocruz, foi um verdadeiro sucesso a interação entre a comunidade de Manguinhos com as comunidades vizinhas. Mais do que conseguir alcançar a meta de vacinar as crianças da redondeza, foi um evento de criatividade, responsabilidade social e cidadania.


Nos anos seguintes, a festa foi se firmando no calendário oficial do dia nacional  de multivacinação, ficando cada vez mais bonita e completa. E, a cada ano, crescendo, inovando e batendo recordes de crianças vacinadas, colocando a Fundação Oswaldo Cruz como o maior posto de vacinação do país no dia da campanha.


Em 2001, estiveram no campus da Fiocruz mais de 40 mil pessoas, com a aplicação de mais de cinco mil doses de vacina. Além das vacinas, as crianças recebiam um lanche e um balão de gás, num trabalho que mobilizou cerca de 1.800 voluntários, com  uma feira com 74 estandes. A feira trazia informações e serviços ligados à ciência e saúde, realizando mais de 2000 mil exames, e orientando sobre desnutrição e obesidade, diabetes, hipertensão, intoxicações, aleitamento materno, cuidados com bebês, câncer de mama, atenção pré-natal e apresentando uma mini-fábrica de medicamentos, um mini-laboratório com simulação de produção de vacinas, além de computadores para consultas e acesso à internet.


Foram oferecidas ainda atividades recreativas e culturais para crianças e adultos, apresentando peças de teatro, grupos musicais, coral e dança. O Museu da Vida funcionou a pleno vapor com todos os seus espaços, recebendo cerca de dois mil visitantes nesse dia.


A edição 2001 do evento, que tinha como tema central a saúde da família, teve um significado ainda maior: a Fiocruz, através da sua unidade Biomanguinhos, vacinou uma criança com a dose de número um bilhão de sua produção de imunizantes. A vacina foi dada por Heloísa Sabin, viúva do pesquisador Albert Sabin, que desenvolveu a vacina contra a paralisia infantil. 


Como sempre, houve ampla divulgação na imprensa com mais de 30 minutos de matérias em tevês e capa dos principais jornais impressos do Rio de Janeiro. Fomos  prestigiados pelo ministro da Saúde, José Serra,  pelos secretários de Saúde estadual, Gilson Cantarino, e municipal, Ronaldo César Coelho, além de artistas como Reynaldo Gianechini, Isabel Filardis e Caio Blat, cantores como Roberto Frejat e Sandra de Sá e esportistas como Júlio César e Juan, atletas do Flamengo, e a jogadora de vôlei Virna.


Em edições anteriores, compareceram artistas e esportistas: as apresentadoras Xuxa e Angélica, os jogadores Ronaldinho, Romário, o “mão santa do basquete” Oscar, Maitê Proença, Letícia Sabatella, Fernanda Torres, Diogo Vilela, Vinícius de Oliveira, os humoristas Renato Aragão e Bussunda, o nadador Fernando Scherer, entre outros.


Há nove anos a Fiocruz tornou a festa da vacina ainda maior, passando a realizar no mesmo dia um evento igual em Salvador, no Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, unidade da Fundação na capital baiana.


A fórmula do sucesso do evento se sustenta sobre a credibilidade da Fundação. Tem como ingredientes a criatividade e a capacidade de mobilização dos servidores da Fiocruz, o carinho que os funcionários têm pela instituição e o grande compromisso de todos com a saúde pública. Tudo isso contando com a parceria do Ministério da Saúde, dos governos do Rio de Janeiro e da Bahia e as prefeituras do Rio e de Salvador, além da iniciativa privada.

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