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07/08/2006

Adolpho Lutz Obra completa - volume I






























Adolpho Lutz, obra completa - volume I

Organizadores: Jaime Larry Benchimol e Magali Romero Sá

Editora Fiocruz

2176p. (livro 1, 440p.; livro 2, 660p.; livro 3, 620p.; suplemento, 456p.) R$ 180,00

Exemplar avulso: R$ 50,00 (cada)



"O que sempre desejei em criança e, sem refletir devidamente, ainda o desejo agora, é ser pesquisador em ciências naturais. (...) contentar-me-ei em viver muito modestamente se puder ser um bom pesquisador"



Carta de Adolpho Lutz à mãe, em 04 de fevereiro de 1871, quando tinha 16 anos


Precursor das modernas campanhas sanitárias e dos estudos epidemiológicos envolvendo, sobretudo, o cólera, a febre tifóide, a peste bubônica e a febre amarela, Adolpho Lutz começou sua carreira médica em Limeira (SP), onde inaugurou os estudos sobre doenças animais, inexistentes no país. Um dos mais importantes cientistas que o país já teve, Adolpho Lutz (1855-1940) era filho de pais suíços que emigraram para o Brasil em 1850, no auge da epidemia de febre amarela que devastou a então capital do império brasileiro.

Em homenagem ao pesquisador e à sua trajetória, a Editora Fiocruz lançou em outubro os primeiros volumes da Obra completa de Adolpho Lutz, uma caixa contendo quatro livros: Primeiros trabalhos: Alemanha, Suíça e Brasil (1878-1885); Hanseníase; Dermatologia & micologia; e ainda um suplemento com glossário, índices e resumos. A obra foi organizada pelo historiador Jaime Benchimol e pela historiadora da ciência e bióloga Magali Romero Sá. A dimensão e o alcance da publicação são inéditos no Brasil, pois não há outro pesquisador cuja obra tenha recebido um tratamento editorial semelhante.

Considerado o cientista mais versátil e completo do país, obtendo destaque em todas as áreas em que atuou – entre outras, parasitologia, veterinária, zoologia médica, bacteriologia, dermatologia e botânica –, Lutz era um homem recluso, avesso à publicidade. Ao se transferir para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em 1908, ele estava no auge de sua carreira profissional. Lutz foi um dos pesquisadores que se reuniram com Albert Einstein quando o físico alemão esteve no Instituto, em 1925. Ele também cavalgou com o rei Alberto, da Bélgica, que veio ao Brasil para as comemorações do centenário da Independência, em 1922. E chegou a morar no Castelo de Manguinhos, atual sede da Fiocruz, durante a 1ª Guerra Mundial, ocasião em que a sua família estava na Europa.

Antes de se mudar para o Rio e trabalhar no Instituto de Manguinhos, Lutz esteve à frente do Instituto Bacteriológico de São Paulo (atual Instituto Adolfo Lutz) de 1893 a 1908, um período de intensas atividades em laboratório combinadas com ações de grande envergadura na saúde pública. Antes disso, em 1889, ele chefiara o serviço médico do famoso leprosário criado na Ilha de Molokai, no Havaí. O acervo ao qual os organizadores dos livros tiveram acesso é composto também por fotografias, mapas e belíssimos desenhos dos espécimes que o cientista estudou e foi reunido pela filha de Lutz, Bertha, com a ajuda do irmão do pesquisador, Gualter Adolpho Lutz. Militante do movimento feminista, Bertha lutou pela extensão do voto às mulheres e por seu engajamento foi eleita deputada federal, em 1936.

Benchimol e Magali recuperaram o arquivo pessoal do cientista e de sua filha até o falecimento desta, em 1976. Sob a guarda do Museu Nacional – onde foi montada uma sala de trabalho –, no Rio, o acervo de Lutz é constituído por numerosos documentos manuscritos, datilografados e impressos: relatórios, notas de laboratório, protocolos de necrópsias, receitas médicas, anotações pessoais e quase quatro mil cartas que põem em evidência as várias redes formadas pelos profissionais e instituições que deram vida à medicina e saúde pública nas regiões geográficas e do conhecimento percorridas pelo pesquisador.

Os livros recém-lançados são prefaciados por especialistas nas áreas em que Lutz atuou e os trabalhos contextualizados historicamente em introduções de Benchimol e Magali, ambos da Fiocruz. Eles começaram a trabalhar juntos em 2001, vinculados a outro projeto, denominado Coleções Científicas. Além da dupla, uma equipe de dez profissionais, reunindo historiadores, sociólogos e tradutores, fez parte do projeto. Há quase 50 anos previa-se a publicação da obra.

Os livros contêm as versões fac-similares dos trabalhos que o cientista publicou na Alemanha, principalmente, junto com as traduções para o português. O glossário, em português e inglês, reúne verbetes que procuram combinar a conceituação atual dos termos técnicos selecionados com o uso que tinham à época em que foram publicados os trabalhos de Lutz. No suplemento o leitor encontrará, ainda, índices remissivos em português, alemão e inglês; e sumário com resumos bilíngües dos trabalhos reproduzidos no volume. Por falar em idiomas, é importante lembrar que era Lutz quem, em Manguinhos, traduzia para o alemão os trabalhos que seus colegas escreviam para a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

Quando concluída, a Obra completa de Adolpho Lutz consistirá numa coleção de 21 livros, acondicionados em cinco caixas (cinco volumes). A correspondência do cientista será distribuída nos cinco livros, que formarão uma das caixas. A próxima caixa deverá ser lançada em março de 2005. E até o final deste ano deverá ser inaugurada a Biblioteca Virtual Adolpho Lutz, em parceria com a Bireme/Opas.

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