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19/06/2018

Centenário do sanitarista Carlos Gentile é lembrado pela Casa de Oswaldo Cruz da Fiocruz

Haendel Gomes (COC/Fiocruz)


Desenvolvimento, saúde e assistência marcam a luta de Carlos Gentile de Carvalho Mello pela justiça social no Brasil. Médico nascido em Natal (RN), Gentile formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1943, aos 25 anos. Por dois anos, praticou a clínica médica no município baiano de Mucugê. Ele completaria 100 anos, no próximo domingo, dia 17 de junho. O sanitarista veio para a então capital da República na década de 1940. Estudioso dos aspectos econômicos e sociais da assistência médica, aliou à atividade profissional uma agenda de lutas que resultaria nas bases da Reforma Sanitária e do Sistema Único de Saúde (SUS), deixando boa parte de suas ideias registradas em livros e artigos. Na década de 1970, participou ativamente do 1° Simpósio Nacional de Saúde. Suas ideias, articuladas nesse evento, contribuiriam com o movimento que organizaria a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986. O esforço de Gentile e do grupo que o seguiu resultou, mais adiante, no capítulo dedicado à saúde na Constituição Federal de 1988. 

Em palestras e entrevistas, defendia os temas que marcaram toda a sua trajetória profissional, como a relação entre saúde e desenvolvimento, as denúncias contra a mercantilização da medicina e da saúde pública no País. O sanitarista também era um crítico do distanciamento que existia, segundo ele, entre o que era ensinado aos estudantes de medicina e as reais necessidades da população mais pobre.

Médico com talento de escritor, contribuiu com artigos para diversos órgãos de imprensa: Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo, Diário de Notícias e Jornal do Brasil, além de veículos da imprensa alternativa da década de 1970, entre os quais O Pasquim.

Gentile também atuou na gestão da saúde. Ele viabilizou a criação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária, com o Programa de Reorientação da Assistência à Saúde. Assessorou Leonel Tavares Miranda de Albuquerque na gestão do Ministério da Saúde, entre 1967 e 1968. No ano seguinte, foi convidado pelo sanitarista Nildo Aguiar para ocupar o cargo de epidemiologista no Hospital de Ipanema, onde permaneceu por 10 anos. Lá foi responsável pela implantação da Auditoria Médica e da Comissão de Controle da Infecção Hospitalar. Carlos Gentile colaborou, ainda, com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) como assessor da administração médica da Campanha Nacional de Combate ao Câncer, de 1981 a 82. O sanitarista morreu em 27 de outubro de 1982, no Rio de Janeiro.

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