21/12/2021
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
Os laços entre a Fiocruz e o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro devem se estreitar no próximo ano. No último dia 16/12, a cônsul Jacqueline Ward e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, se reuniram na Residência Oficial da Fundação, no Rio de Janeiro. Na pauta, a cooperação científica entre instituições brasileiras e americanas, a 16ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária e um simpósio paralelo organizado pela Fundação e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas/Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIAID-NIH), com a participação de especialistas internacionais, como Anthony Fauci, principal epidemiologista americano e líder da força-tarefa do país contra a Covid-19.
A cônsul Jacqueline Ward e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, se reuniram na Residência Oficial da Fundação, no Rio de Janeiro (foto: Pedro Paulo Gonçalves)
No cargo desde agosto, Jacqueline Ward foi antes conselheira para Assuntos Econômicos em Bogotá, na Colômbia, e assessora sênior de Política de Comunicação Internacional no Escritório Econômico do Departamento de Estado. Na Fiocruz, ela chegou acompanhada por Jesse Levinson, chefe do Setor Político e Econômico do consulado, e por Gabrielle Moseley, responsável pela área de Assuntos Econômicos.
“Eu queria conhecer o trabalho da Fiocruz e ver como colaborar no futuro. Vamos começar o ano com novas energias e ampliando os contatos”, disse a cônsul, que também demonstrou interesse em saber mais sobre parcerias da Fundação com organizações não governamentais.
Nísia, por sua vez, demonstrou interesse em fortalecer a cooperação com instituições americanas, acrescentando que tem crescido a demanda de estudantes dos EUA por cursos da Fundação. Ela também destacou o papel da Fiocruz em Saúde Global: “Cada vez mais, a Fundação atua na diplomacia de saúde e fortalece o papel de Ciência e Tecnologia, tanto no nível Norte/Sul, quanto no triangular Sul/Norte/Sul”, contou a presidente.
Na pauta da reunião, a cooperação científica entre instituições brasileiras e americanas, a 16ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária e outros temas (foto: Pedro Paulo Gonçalves)
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fundação, Cristiani Machado, e o editor científico da Editora Fiocruz, Gilberto Hochman, observaram que alguns estudantes às vezes enfrentam dificuldades com a documentação para estudar nos EUA. Em resposta, a cônsul sugeriu marcar uma apresentação sobre o assunto, além de lembrar a existência da organização Education in USA, que ajuda brasileiros que queiram estudar nos Estados Unidos.
Malária e ameaças emergentes em pauta
Após Pedro Burger, coordenador adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), mostrar o mapa de acordos da Fundação com instituições americanas, Cristiani e Gilberto também lembraram que muitas dessas parcerias não estão institucionalizadas. Dos contatos entre pesquisadores dos dois países, por exemplo, nasceu a ideia de um side event ao congresso de malária.
De 25 a 28 de abril de 2022 ocorrerá a 16ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária. Mas, antes disso, de 23 a 25 de abril, vai acontecer o simpósio internacional Emerging and Persistent Global Health Threats (coorganizado e cofinanciado pela Fiocruz e pelo NIAID-NIH). O simpósio abordará temas como Covid-19, HIV, arboviroses, meio ambiente e epidemias, malária, entre outros. O dia 23 será dedicado ao workshop sobre redação e submissão de grants para o NIH. Em 24 e 25 ocorre o simpósio propriamente dito, com participação de quase 60 palestrantes. Entre eles, Fauci, diretor do NIAID, e Adrian Hill, diretor do Jenner Institute da Universidade de Oxford, responsável pela vacina contra Covid-19 da AstraZeneca (fabricada no Brasil pela Fiocruz) e pela vacina R21/MM contra malária.
O congresso é realizado a cada dois anos, e sua data coincide com 25 de abril, designado em 2007 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia da Luta Internacional contra a Malária. A ideia original era fazer um simpósio Fiocruz-NIH paralelamente, para comemorar os 120 anos da Fundação. Mas a reunião foi adiada devido à pandemia, e o simpósio cresceu.
“Evoluiu para algo maior. Aumentou o espectro do evento para problemas mundiais de saúde global emergentes. E, com a Covid, ganhou relevância ainda maior”, contou Leonardo José de Moura Carvalho, pesquisador do Laboratório de Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Carvalho organiza o evento por parte da Fiocruz, junto com Hans Ackerman, pelo NIAID-NIH. “Essa associação Fiocruz-NIH culminou numa associação Brasil-EUA. A gente ampliou o foco de abordagem inclusive para trazer outros grupos e instituições", acrescentou o pesquisador.