16/04/2018
O tema era urgente: discutir a intervenção militar no Rio de Janeiro sob uma perscpectiva ampla, buscando as contribuições possíveis entre a área da saúde, os movimentos sociais e entidades da sociedade civíl. Mas no cenário atual, de degradação vertiginosa da vida em sociedade, uma urgência pode se tornar uma emergência. Quando agendou o debate Intervenção pra quem?, o conselho deliberativo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) não imaginaria que a poucos dias do evento, Marielle Franco, uma vereadora e líder que vinha se notabilizando na luta contra as injustiças e o genocídeo da juventude negra no Brasil, seria brutalmente assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes.
Foi sob clima de consternação e tristeza que, no dia 26 de março, funcionários e professores da Fiocruz, representantes da OAB e moradores de Manguinhos buscaram, no diálogo, alternativas para a atual crise que a cada dia vem fazendo mais vítimas, como o caso dos jovem Matheus Melo, do Jacarezinho, que segundo a família, foi assassinado pela polícia, ou do menino Banjamin, do Complexo do Alemão, vítima de bala perdida.
Entre os debatedores, estiveram presentes Hermano Castro, diretor da Ensp/Fiocruz; Valcler Rangel, chefe de Gabinete da Presidência da Fiocruz; Carlos Maurício Barreto, vice-diretor de Ensino e Informação da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz); Leonardo Bueno, da Cooperação Social da Fiocruz; André Barros, advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB; e Patrícia Evangelista, moradora de Manguinhos.
Veja vídeos com as falas dos debatedores no site do Informe Ensp.
No final do evento, foram feitas algumas propostas conjuntas de ação:
1) Rodas de Conversa para ouvirmos Agentes Comunitários de Saúde sobre Intervenção Federal Militar no Rio de Janeiro;
2) Ciclo de Debates da Ensp, da EPSJV e da Presidência da Fiocruz com moradores de Manguinhos, Jacarezinho e Maré sobre Política de Drogas e Saúde;
3) Apoiar a realização de notificações de violências cometidas durante período de Intervenção nos serviços de saúde locais;
4 Pautar nos cursos da Fiocruz questões sobre Racismo, Direitos Humanos e Militarização;
5) Debater propostas do presente encontro no Programa Institucional de Violência e Saúde da Fiocruz (coordenado pelo Claves/Ensp), no Programa Álcool, Crack e outras Drogas (coordenado pela presidência) e com Cooperação Social da presidência da Fiocruz;
6) Campanha contra o Racismo dentro da Fiocruz e externo com a sociedade civil;
7) Ciclo de Debates da Fiocruz e moradores sobre Violência e Capitalismo aos sábados na instituição;
8) Apresentar propostas e participar de Encontro Territorial sobre Política de Drogas, Violência e Saúde, organizado por movimentos sociais e Fiocruz, a ser realizado no Centro de Artes da Maré, em Maio/2018.
9) Dialogar com propostas construídas por Grupo de Trabalho Contra o Genocídio da População Negra e Periférica, composto por movimentos sociais de favela, organizações da sociedade civil, DPU, MPRJ, Comissão de Dh da Alerj e Fiocruz.
10) Organizar participação da Fiocruz com UFRJ em Espaço de Supervisão Democrática dos Direitos Humanos, construído com movimentos sociais e instituições durante período de Intervenção Federal Militar no Rio de Janeiro;
11) Participação da Fiocruz e da Asfoc em Audiência Pública Segurança Pública no Brasil, com foco na Saúde Pública, a ser realizado em Brasília, dia 9/4.