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11/10/2017

Defesa do SUS marca abertura de congresso de epidemiologia

Vilma Reis (Abrasco)


"A Reforma Sanitária está viva, ela está em todos os espaços, ela está aqui. Este é o momento em que ela precisa inspirar e mobilizar: precisamos articular nossa prática teórica com a prática política" pediu Antonio Boing, presidente do 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A fala de Boing foi a primeira de uma série de depoimentos fortes, emocionados, esperançosos, que fizeram da solenidade de abertura do Epi2017, um chamamento para todos os congressistas.

"Nossa estratégia de sobrevivência é a gente ser coerente em cada ação nossa, e produzir um movimento de oposição e resistência que ao mesmo tempo vá criando um mundo novo como a gente quer. Vamos resistir e vamos criar, o Brasil é melhor do que esse povo que está lá em Brasília", disse Gastão Wagner, presidente da Abrasco, abrindo oficialmente o congresso diante de quase três mil pessoas.

Nísia Trindade Lima alertou para os perigos da cultura do ódio no Brasil (Fotos: Rafael Venuto e Charles Steucker)

 

Além de Antonio Boing e Gastão Wagner, a mesa de abertura contou com a presença de Joaquim Molina (representante da Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS); Nísia Trindade Lima (presidente da Fiocruz); Jarbas Barbosa (presidente da Anvisa); Sergio Freitas (Pró-Reitor da UFSC); Ana Cristina Vidor (Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis); Henrique Barros (presidente da Associação Internacional de Epidemiologia – IEA) e ainda Maria Amélia Veras (coordenadora da Comissão de Epidemiologia da Abrasco e coordenadora da Comissão Científica do Epi2017).

Durante a solenidade de abertura, Nísia Trindade Lima alertou para esta cultura do ódio que também é problema de saúde pública. “Esta intolerância que vivemos não interessa àquele que luta pelo SUS, estamos perdendo o vigor da democracia e estes espaços públicos de debates se colocam como lugares de enfrentamento, esse também é o papel da Abrasco”, disse Nísia.

O presidente da Anvisa saudou o congresso de Epidemiologia da Abrasco, relembrando sua participação na primeira edição, em 1990, em Campinas. “Este congresso já nasceu defendendo o SUS, então, digamos, recém-nascido, fruto da esperança e da luta democrática, pelo direito do voto, da opinião, da greve: queríamos também uma saúde democrática, que através de um Sistema Único de Saúde acabássemos com aquele apartheid social terrível que nós tínhamos em nosso país, que colocava nossos trabalhadores rurais numa condição absolutamente de sub-acesso aos direitos mínimos de saúde, que colocava todos os milhões de trabalhadores informais numa condição de negação dos direitos mínimos de saúde. E chegamos hoje, 27 anos depois daquela primeira edição, num congresso que precisa lutar e defender este SUS. Este espaço é uma plataforma de fortalecimento e uma oportunidade de revitalizar nosso Sistema Único de Saúde”, disse Jarbas.

A cerimônia foi encerrada pelas palavras de Gastão Wagner. “A Abrasco já se pronunciou aqui, através da fala de Antonio Boing e Maria Amélia Veras, eles falaram por todos nós. Quero apenas ressaltar a importância da dedicação, capacidade e envolvimento do grupo que organizou este congresso: o maior de epidemiologia da história da associação e que está nos ensinando a fazer do luto pela violência cometida contra a UFSC, particularmente contra o seu reitor Cancellier – um congresso de luta, generoso, que zela pela pluralidade e democracia. Por isso quero reforçar nosso reconhecimento a todo este coletivo. Nós fizemos este congresso em tempos difíceis, que podemos transformar em esperança, em alento”.

Gastão falou ainda sobre possíveis estratégias para sobrevivência em tempos sombrios: “Esta estratégia é fazer o que nós estamos fazendo aqui, criando momentos de esperança. Este é meu apelo: multiplicar estes espaços de reconhecimento das diferenças, de debate, com um projeto para caminhar juntos. Nossa estratégia de sobrevivência é a gente ser coerente em cada ação nossa, e produzir um movimento de oposição e resistência que ao mesmo tempo vá criando um mundo novo como a gente quer. A UFSC resiste, a Uerj resiste, a Fiocruz resiste, a Abrasco resiste, o Brasil é melhor do que esse povo que está lá em Brasília, vamos resistir e vamos criar”, conclamou Gastão.

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