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08/07/2019

Em evento no IOC/Fiocruz, diretor do Museu Nacional discute fatores que contribuíram para o incêndio

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


“Dia 2 de setembro de 2018. Uma das datas em que qualquer pessoa que atua nas áreas cultural e científica lembra onde estava. Vigas de aço pairando pelo ar retorcidas pelo calor; vidros estilhaçados pelas chamas; ferros entrelaçados, resultado de desmoronamento; paredes enegrecidas pela fuligem decorrente da queima da memória de um país”. Emocionado, Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, descreveu o incêndio que destruiu a sede da instituição, durante sua palestra Museu Nacional, memória e pesquisa: situação atual e perspectivas de futuro, realizada na quinta-feira (27/6), no Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A atividade é promovida pela Diretoria do IOC, com coordenação dos pesquisadores Renato Cordeiro e Maria de Lourdes Aguiar [confira as edições anteriores].

“A sala do trono, com seu teto pintado de deuses e deusas simbolizando o amor e a ciência, não existe mais. A sala dos embaixadores, onde o Brasil recepcionava as autoridades estrangeiras, também não existe mais. Diferentes itens da nossa coleção, como o trono de Daomé, da África, e as múmias do Egito, destruídos. Material etnográfico de tribos indígenas extintas – que tinham, talvez, o único testemunho material de sua existência abrigado no Museu Nacional – também destruído. Como é possível isso? Como é possível um país deixar seu patrimônio à própria sorte?”, questionou o diretor.

Fundado por D. João VI, em 1818, o Museu Nacional ocupava o Paço de São Cristóvão desde 1892. Localizado na Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, região central do Rio de Janeiro, o palácio serviu de residência para a família real desde a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, até a proclamação da república, em 1889. Além de conter a maior parte do acervo de 20 milhões de itens reunido ao longo de dois séculos, o imóvel abrigava as atividades de pesquisa e ensino desenvolvidas pelos professores e estudantes de pós-graduação da instituição, que é vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Kellner, os riscos de incêndio no local eram conhecidos, embora existissem medidas em curso para enfrentar os problemas. No primeiro semestre de 2018, cinco treinamentos foram realizados pela Defesa Civil, capacitando quase 200 funcionários para a prevenção e combate a incêndios. Em junho do mesmo ano, foi assinado um contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimento de R$ 21,7 milhões na revitalização do prédio histórico, acervo e espaços de exposições. O fogo chegou antes do início das obras.

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