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27/11/2005

Estudo alerta para a prevenção do câncer de colo uterino em adolescentes

Roberta Monteiro


O câncer de colo uterino é a quarta causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. A cada dia estima-se que dez brasileiras morram da doença. Em função da observação feita ao longo de dez anos no ambulatório de adolescentes em um hospital da rede pública do Rio de Janeiro, a médica Denise Monteiro, doutoranda do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz, desenvolveu a dissertação de mestrado A cérvice uterina da adolescente - Estudo da prevalência e de fatores associados ao câncer de colo uterino e suas lesões precursoras em população de adolescentes atendidas em hospital público do município do Rio de Janeiro. O trabalho foi orientado pelos professores Alexandre Trajano, Kátia Silveira e Fábio Russomano e recebeu cinco prêmios, incluindo o primeiro lugar na 5ª Jornada Científica do IFF.

De 1993 a 2002 foram estudadas 702 adolescentes sexualmente ativas, sendo que 3% apresentavam lesões intra-epiteliais cervicais de alto grau, das quais uma paciente desenvolveu câncer de colo uterino aos 19 anos. O surgimento de lesões pré-invasivas são provenientes da infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum entre as mulheres jovens.


A doença pode ser detectada pelo exame de papanicolaou ou preventivo, que é feito em toda a rede básica de saúde do município do Rio pelo Programa Nacional de Prevenção do Câncer do Colo Uterino - Viva Mulher, coordenado pelo Ministério da Saúde através do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O programa garante o exame gratuitamente a todas as mulheres de 25 a 59 anos.


Segundo a ginecologista, atualmente, a iniciação sexual da mulher ocorre em média aos 15 anos de idade. "Com o estudo, desejamos contribuir para a prevenção do câncer de colo uterino também em mulheres jovens, o que pode ser possível se as adolescentes sexualmente ativas fizerem parte do programa", destaca Denise.


De acordo com a médica, é importante não associar a doença exclusivamente à promiscuidade, pois a maior parte das pessoas entra em contato com o vírus no início da vida sexual e não apenas porque teve muitos parceiros. Outro erro é a mulher que faz o exame regularmente achar que, necessariamente adquiriu a doença recentemente ou que foi infectada pelo último parceiro. "Os sintomas do HPV podem aparecer em qualquer momento da vida, semanas ou anos após a contaminação. É importante que a lesão seja diagnosticada e imediatamente tratada, impedindo que evolua para o câncer de colo uterino", ressalta a ginecologista.


 

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