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21/06/2005

Estudo constata a presença de gene de resistência do Aedes aegypti a larvicida químico

Bruna Cruz


Os programas de combate ao Aedes aegypti, vetor do dengue, poderão, em breve, calcular o tempo correto de alternância entre o uso de inseticidas químicos e biológicos no controle das larvas do mosquito. Um estudo inédito no Brasil desenvolvido pelo Departamento de Entomologia do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, identificou a presença de um gene envolvido no processo de resistência ao organofosforado temephos. "Pretendemos associar a presença desse gene com a razão de resistência ao temephos obtida em bioensaios e traçar um modelo onde poderemos utilizar os larvicidas de forma mais racional e segura", explicou a pesquisadora Constância Ayres.


Um dos mecanismos que gera a resistência do Aedes ao larvicida é a super expressão da enzima (proteína que atua no metabolismo das células) esterase. Por meio de uma técnica chamada eletroforese de isoenzimas foi possível identificar que em mosquitos resistentes ela é produzida em maior quantidade, o que ajuda o inseto a desintoxicar seu organismo, livrando-se do inseticida mais rapidamente.


Para fazer o trabalho, foram analisados 560 mosquitos coletados nos bairros de Engenho do Meio, Alto José do Pinho, Brasília Teimosa, Parnamirim, Casa Forte, Dois Irmãos, Morro da Conceição e Nossa Senhora de Fátima, este último no município de Moreno. Os bairros que apresentaram mosquitos com maior e menor freqüência da esterase foram, respectivamente, o Morro da Conceição, com 61,9%, e Dois Irmãos, com 32,86%. Esse percentual chegou a 57,62% em Brasília Teimosa e 57,02% em Casa Forte.


O próximo passo é realizar o seqüenciamento e a quantificação da expressão do gene por meio da técnica de PCR em tempo real. Esse trabalho está sendo feito no Centro para Prevenção e Controle de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, pelo pesquisador Marcelo Paiva. O estudo, que será apresentado como sua dissertação de mestrado, conta com a colaboração do cientista Willian Brogdon, do CDC. A pesquisa foi financiada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Saúde (MS).


Informações sobre a resistência ao temephos foram publicadas oficialmente, em 2000, por um boletim da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que, até hoje, ainda o emprega no controle das larvas do mosquito nos municípios onde a avaliação de suscetibilidade ainda não foi realizada. Nos locais onde a resistência foi detectada, o larvicida foi substituído pelo Bacillus thuringiensis israelensis (Bti). Esse tipo de teste de resistência a larvicidas ou inseticidas deve ser solicitado pelos municípios diretamente ao MS.

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