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21/05/2020

Estudo revela desigualdade de recursos para pacientes no Rio

Proadess (Icict/Fiocruz)


Estudo realizado pela Fiocruz mostra que os recursos de saúde essenciais para o tratamento de pacientes da Covid-19 no estado de Rio de Janeiro estão distribuídos de forma bastante desigual, com grande concentração na região da capital do estado. Em contrapartida, a região da Baía da Ilha Grande, que engloba os municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba e Paraty, apresenta a maior carência de leitos de UTI, equipamentos e profissionais, proporcionalmente ao tamanho da população local.

O levantamento foi feito pela equipe do Projeto Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (Proadess), do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), com base na disponibilidade, em cada um dos 92 municípios fluminenses, de oito indicadores básicos tanto no Sistema Único de Saúde (SUS), quanto na rede de saúde privada: leitos de internação (clínicos e cirúrgicos); leitos de UTI; respiradores/ventiladores; tomógrafos computadorizados; médicos intensivistas; total de médicos; enfermeiros intensivistas; e total de enfermeiros. 

Uma das principais conclusões do estudo é que a região compreendida pela capital e por municípios da Baixada Fluminense concentra pelo menos 45% de todos os recursos de saúde estaduais, chegando a responder por mais de 70% dos médicos e enfermeiros intensivistas trabalhando no SUS, marcadamente no município do Rio de Janeiro. Porém, quando se avalia a quantidade de recursos de saúde proporcionalmente à população, nem sempre os indicadores de Rio e Baixada são os melhores. Por exemplo, a região tem uma das menores quantidades de tomógrafos computadorizados do SUS em relação à população acima dos 20 anos de idade: apenas 1,12 para cada 100 mil habitantes, o segundo menor indicador regional, maior apenas que o da região que inclui Niterói, São Gonçalo e outros municípios do leste da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (1,09/100 mil habitantes).

Regiões sem enfermeiros intensivistas

Paralelamente, a análise constatou que na rede do SUS há áreas com grandes carências. É o caso da região de Angra dos Reis, Mangaratiba e Paraty, que tem número bem reduzido de leitos de UTI (apenas oito do total de 1.185 de todo o estado do Rio) e não conta com nenhum enfermeiro intensivista. Outras duas regiões, Serrana e Centro-Sul, também não têm enfermeiros intensivistas. 

Além disso, há também poucos médicos intensivistas no Noroeste e no Centro-Sul do estado, na Região dos Lagos (Baixada Litorânea) e no Médio Paraíba. Respiradores/ventiladores também existem em números baixos (proporcionalmente à população) na área de Niterói e São Gonçalo e na Região dos Lagos. E tanto na Capital e Baixada Fluminense quanto em Niterói/São Gonçalo o número de tomógrafos à disposição do SUS é pequeno para o tamanho de suas populações.

A base de dados utilizada na análise foi o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Datasus. A nota técnica Distribuição geográfica dos recursos disponíveis para atenção à Covid-19 em Regiões de Saúde e municípios do Rio de Janeiro pode ser lida na íntegra. 

A equipe do Proadess considerou para sua análise a distribuição dos 92 municípios do estado do Rio nas nove Regiões de Saúde (RS), que são definidas pela Secretaria Estadual de Saúde. A maior RS é a Metropolitana I, que engloba Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e outros nove municípios da Baixada Fluminense. A Metropolitana II compreende Niterói, São Gonçalo e mais cinco cidades a leste da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá). 

As demais Regiões de Saúde são denominadas de Baía da Ilha Grande (Angra, Paraty e Mangaratiba); Baixada Litorânea (Araruama, Cabo Frio, Rio das Ostras, Saquarema e mais cinco municípios); Centro-Sul (Vassouras, Miguel Pereira, Três Rios, Mendes e mais sete municípios); Médio Paraíba (Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Valença e mais oito municípios); Noroeste (Itaperuna, Miracema, Laje de Muriaé e mais 11 municípios); Norte (Campos dos Goytacazes, Macaé, São João da Barra e mais cinco municípios); e Serrana (Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e mais 13 municípios).

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