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19/11/2019

Fiocruz participa de 11º Congresso Brasileiro de Agroecologia

Vanessa Cancian (OTSS/Fiocruz)


Povos do campo, das florestas e das águas, movimentos sociais, coletivos, povos de terreiro, quilombolas, indígenas e muitas outras diversidades do Brasil que cuidam da terra, da agricultura e de saberes ancestrais estiveram presentes durante o 11º Congresso Brasileiro de Agroecologia (11º CBA). Realizado em Sergipe entre os dias 4 e 7 de novembro, o CBA foi sediado na Universidade Federal de Sergipe e representou mais um marco da construção da agroecologia por meio de uma proposta de diálogo entre conhecimentos populares e científicos. A Fiocruz participou do 11º CBA com 25 pessoas, vindas de diferentes unidades e projetos.

Fiocruz participou do 11º CBA com 25 pessoas, vindas de diferentes unidades e projetos (foto: OTSS Bocaina)

 

Promovido pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e a Rede Sergipana de Agroecologia (Resea), o tema de 2019 foi Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares. De acordo com o documento de abertura do evento, “a Ecologia de Saberes vem sendo apresentada como um conjunto de epistemologias contra-hegemônicas a favor da equidade do diálogo e da construção partilhada do conhecimento entre os diferentes sujeitos da Agroecologia em termos de gênero, raça, classe, moradia, geração, escolaridade, linguagens de tradição oral e escrita seja na academia, nos campos, águas e florestas, nos movimentos sociais, nas ONGs, nos coletivos informais e nos demais espaços onde diversos saberes são produzidos e reproduzidos nos território”.

Com relação à Fiocruz, estiveram representadas a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp); Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh); Fiocruz Ceará; Fiocruz Brasília; Fiocruz Mato Grosso do Sul; Fiocruz Pernambuco; Campus Fiocruz Mata Atlântica; Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde; Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS Bocaina); Terrapia: Alimentação Viva e Agroecologia na Promoção da Saúde; Feira Agroecológica Josué de Castro - Saberes e Sabores; Agroecologia em Rede; e a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz.

“O CBA hoje vem favorecer uma discussão que nós trazemos sobre qual o papel da ciência pública no tema da ecologia de saberes. A agroecologia promove a integração, e hoje este é um tema integrador dentro da VPAAPS”, destacou Marcos Menezes, vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz. Segundo ele, há hoje, em todas as unidades da Fiocruz, trabalhos que já conectam o campo da saúde e da agroecologia. “Dessa forma, podemos olhar para o futuro comprometidos com o SUS e com uma ciência horizontal. Vemos que é necessário trabalhar a saúde e a agroecologia como questão mais ampla, abarcar a discussão sobre a fome e reafirmar nosso compromisso com os movimentos sociais, com a Articulação Nacional de Agroecologia e com a Associação Brasileira de Agroecologia”, completou.

OTSS Bocaina no 11º CBA
 
Resultado de uma parceria de dez anos entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) participou da programação em diversos momentos do congresso. Logo na abertura, no dia 4 de novembro, os comunicadores Vanessa Cancian Silva e Eduardo Napoli apresentaram, no espaço dos Tapiris de Saberes, um relato de experiência técnica sobre o trabalho de promoção da agroecologia por meio da comunicação popular. A apresentação foi feita dentro do eixo Comunicação Popular e Agroecologia e teve como foco compartilhar Experiências de comunicação popular na construção de identidades culturais para o fortalecimento da agroecologia no território da Bocaina

Na noite do dia 5 de novembro, junto com diversas obras que envolvem a temática da agroecologia, o livro O Território Pulsa foi lançado. Assinada por 37 autores, a publicação tem como objetivo compartilhar os saberes, os processos de aprendizagem e as formas de atuação construídos com base na experiência do OTSS. “Tivemos aqui, mais uma vez, o lançamento desse livro tão importante. Primeiro pela proposta territorializada do trabalho, que mostra que o território pulsa, faz ciência, tem conhecimento. E, segundo, porque a proposta do OTSS tem sido super importante e vitoriosa no sentido de mostrar que é possível fazer ciência crítica integrando o território em toda sua diversidade”, afirmou Marcos Menezes, Vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz. 

No dia 7 de novembro, último dia do 11º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), Marcela Cananéa, do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), também integrou a conferência “Meio ambiente, soberania alimentar e territórios saudáveis e sustentáveis” ao lado de Maria Emília Pacheco, do Núcleo Executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

“Vivemos em um local que foi atravessado pela especulação imobiliária, e onde nós, caiçaras, tivemos que lutar e resistir para permanecer em nossas terras. A minha comunidade está localizada ao lado do condomínio Laranjeiras, que impede o livre acesso do povo caiçara que sempre viveu ali. Junto com a Fiocruz, começamos a trabalhar as demandas da comunidade através desse projeto do OTSS, levantando as demandas que há nas comunidades como turismo de base comunitária, saneamento ecológico, educação diferenciada e, principalmente a defesa do nosso território tradicional", compartilhou Marcela.

“No âmbito do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), esta construção se viabiliza a partir dos acúmulos gerados nas experiências que resistem com toda amplitude nas comunidades tradicionais e no conjunto de ações realizadas e apoiadas pelo OTSS e seus parceiros. Fortalecidas e intercambiadas por meio de partilhas, oficinas, visitas, reuniões, planejamento e gestão participativa dos processos tendo, como base, o protagonismo das comunidades, princípios e prática agroecológicas e a ecologia de saberes", destaca Fábio Reis, Articulador Institucional do OTSS nos territórios. 

Entre as principais práticas agroecológicas já geradas pelo OTSS neste processo, ele destaca o desenvolvimento de planos agroecológicos territorializados, a reprodução e proteção de sementes crioulas e espécies nativas, a realização de práticas de mutirão e organização coletiva, o uso de plantas medicinais e o manejo agroecológico de produtos da mata atlântica como a Juçara, entre outras ações construídas em conjunto com os territórios tradicionais da Bocaina.

Continue a leitura no site do OTSS Bocaina.

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