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07/12/2016

Fiocruz participa de simpósio sobre novos biomarcadores

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)


Cientistas brasileiros e estrangeiros se reuniram em Paris, na França, para discutir aspectos da pesquisa que podem levar à descoberta de novos biomarcadores, durante a 3ª edição do Simpósio Científico da Rede Internacional dos Institutos Pasteur (RIIP), entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro. O encontro, que chamou a atenção para a necessidade de inovação em ferramentas para a detecção e vigilância de doenças a nível epidemiológico, bem como para o diagnóstico e monitoramento de infecções e condições clínicas, contou com a presença do diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Wilson Savino, e do chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, Ricardo Lourenço. Especialistas de diferentes áreas do conhecimento compartilharam resultados de suas pesquisas em palestras, apresentações orais e sessões de pôsteres.

Pesquisadores de diversos países se reuniram para discutir estratégias para o desenvolvimento de novos biomarcadores para o enfrentamento de doenças (foto: Institut Pasteur)

 

Palestrante convidado de um dos eventos-satélite do Simpósio, Ricardo Lourenço participou do ‘2016 PTR & ACIP’, que reuniu cientistas da RIIP interessados em submeter projetos colaborativos multidisciplinares para a próxima chamada dos programas ‘Ações Combinadas na Rede Internacional de Institutos Pasteur’ (ACIP, na sigla em francês) e ‘Projetos Transversais de Pesquisa’ (PTR, na sigla em francês). Coordenador de dois projetos contemplados pelos editais, Lourenço destacou a importância dos programas para o desenvolvimento de pesquisas sobre doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, Zika e chikungunya. “Os recursos dos editais ACIP e PTR impactam e incentivam o desenvolvimento de projetos, permitindo o crescimento da cooperação entre pesquisadores da Rede de Institutos Pasteur e a ampliação de estudos multidisciplinares a partir da integração entre parceiros com diferentes expertises”, destacou Lourenço. 

De acordo com pesquisador, o apoio do ACIP estimulou o desenvolvimento de um estudo pioneiro. A pesquisa, contemplada com o financiamento em 2012, avaliou de forma pioneira os riscos da emergência da febre chikungunya nas Américas. Na época, o vírus circulava em países da África, da Ásia e da Europa. O estudo revelou, pela primeira vez, a receptividade da transmissão do chikungunya pelas Américas e o alto risco de dispersão dos genótipos africano e asiático pelo continente (saiba mais). Além do vírus chikungunya, a pesquisa sobre as arboviroses apontam outros desafios. Em 2016, um surto de febre amarela registrado em Angola, na África, causou a morte de cerca de 370 pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O risco da reemergência da febre amarela urbana em humanos nas Américas é alvo de um estudo em desenvolvimento contemplado pelo programa PTR. “O estímulo recebido é fundamental para a implementação de estudos com potencial para antecipar a emergência ou a reemergência de arboviroses. Investir em pesquisa após o surto de uma doença, por exemplo, pode não ter o mesmo efeito”, alertou. O evento-satélite foi organizado pelos departamentos de ‘Parcerias e Programas de Incentivo à Pesquisa’ (SPPI, na sigla em francês) e ‘Relações Internacionais’ do Instituto Pasteur. 

Lourenço participou ainda da sessão de pôsteres promovida pela RIIP, como orientador de um trabalho que discute o risco da reemergência da febre amarela urbana no Brasil e o papel do mosquito Aedes albopictus. O pôster foi apresentado por Taissa Pereira dos Santos, mestre em Biologia Parasitária pelo IOC e doutoranda em Microbiologia e Parasitologia pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França.

Apresentações

Durante o Simpósio principal, o diretor do IOC e pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo, Wilson Savino, apresentou resultados parciais de um estudo em desenvolvimento sobre a molécula CD49d, um biomarcador de progressão e potencial alvo para a imunoterapia na distrofia muscular de Duchenne (DMD) – doença neuromuscular hereditária, progressiva e destrutiva. Os pesquisadores identificaram altos níveis de CD49d em células T circulantes em pacientes com distrofia, comparados com um grupo de controle saudável. O estudo mostrou que a CD49d pode ser utilizada como um novo biomarcador para predizer a rápida progressão da distrofia muscular de Duchenne. Resultados semelhantes foram encontrados em ensaios pré-clínicos realizados com cães da raça Golden Retriever com distrofia muscular. Além disso, os autores viram que linfócitos T expressando níveis altos de CD49d apresentam uma resposta migratória aumentada, o que deve contribuir para o processo inflamatório que existe nos músculos dos pacientes. A pesquisa mostrou ainda que os anticorpos e peptídeos anti-CD49d foram capazes de bloquear esta resposta migratória e que, potencialmente, podem ser usados como abordagem terapêutica para reduzir danos ao tecido causados pela inflamação e, possivelmente, reduzir também a progressão da doença.

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