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31/10/2005

Fumaça do tabaco influencia na baixa estatura das crianças

Sarita Coelho


A baixa estatura das crianças é influenciada pelo tabagismo dos pais no domicílio. Um estudo publicado nos Cadernos de Saúde Pública, revista científica da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz, avaliou o efeito da exposição à fumaça do tabaco sobre o crescimento de 2.037 crianças menores de 5 anos atendidas nos postos de saúde de Cuiabá para vacinação. Os pesquisadores analisaram a resposta dos pais a um questionário sobre o fumo dentro de casa e as características sociais e demográficas das famílias, mediram as crianças e constataram a prevalência da baixa estatura em 4,3% delas.


Para a realização da pesquisa, foram sorteados dez postos de vacinação, dos 38 existentes em Cuiabá entre agosto de 1999 e janeiro de 2000. Das crianças que participaram do estudo, 51,4% eram do sexo masculino e 48,6% do feminino. Todos os responsáveis que acompanhavam as crianças foram convidados a responder um questionário contendo informações sobre o nascimento da criança, o tabagismo passivo no domicílio e as características sociais e demográficas das famílias.


As informações sobre o peso e o comprimento da criança ao nascer foram adquiridas a partir de seu cartão de vacinação. Já o peso e a estatura no momento da pesquisa foram obtidos antes de a criança ser vacinada e de ter sido feita a entrevista. Os menores de 2 anos foram pesados sem roupa em balança pediátrica e medidos com régua antropométrica de madeira. As crianças a partir de 2 anos foram pesadas descalças em balança digital, com o mínimo de vestimenta (calcinha ou cueca). Para medir a estatura, os pesquisadores utilizaram trena métrica acoplada a uma haste de madeira. Em seguida, eles compararam os valores encontrados com a curva de crescimento de crianças elaborada pelo National Center for Health Statistics, dos Estados Unidos, adotada pelo Ministério da Saúde como referência para a população brasileira.


Sobre a exposição domiciliar ao tabaco, as crianças foram classificadas como expostas se morassem com pelo menos um fumante no domicílio. A equipe também investigou a exposição da criança ao tabagismo materno durante a gravidez, o local da residência mais usado para fumar e se o fumante evitava o fumo na frente das crianças. "Do total de crianças estudadas, 37,7% eram fumantes passivas, ou seja, moravam em domicílios com pelo menos um fumante", diz o artigo assinado por Regina Gonçalves-Silva e Márcia Lemos-Santos, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Joaquim Valente, da Ensp, e Rosely Sichieri, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A prevalência de crianças com baixa estatura foi de 4,3%, sendo maior para os filhos de mães fumantes. As crianças cujas mães eram fumantes também tiveram a média de peso e comprimento ao nascer menor do que as crianças cujas mães não fumavam. A mesma média de estatura foi observada em filhos de pais fumantes. Aqueles cujos pais fumavam em qualquer lugar da casa ou na presença dos filhos tenderam a ser mais baixos do que os demais.


A equipe também observou a menor estatura em crianças cujos níveis sócio-econômicos eram mais baixos. Filhos de pais que não moravam nos domicílios, de desempregados ou empregadas domésticas e de pais com menor escolaridade tiveram menores estaturas e piores condições nutricionais. De acordo com os pesquisadores, os resultados obtidos reforçam estudos internacionais que comprovaram a influência do tabagismo na baixa estatura das crianças.

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