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06/08/2006

História, ciências, saúde: Manguinhos Volume 10, número 3

por Raquel Aguiar
















Os 50 anos de criação do Ministério da Saúde (MS) são destaque na nova edição da revista História, ciências e saúde: Manguinhos. O contexto político e social que permitiu a desvinculação da Saúde da Educação - até então as duas estavam juntas em um mesmo ministério - e a criação de uma estrutura administrativa própria é investigado pelas pesquisadoras Wanda Hamilton e Cristina Fonseca em um artigo minucioso, que buscou preencher as lacunas sobre as forças quer permitiram o estabelecimento do (MS), em 1953. Este e mais dez artigos científicos estão na nova edição da revista que divulga a recente produção acadêmica sobre o passado da saúde e da ciência no país.


Uma das análises mais interessantes estuda a burocratização da saúde pública a partir da década de 1930. Neste momento tem início o conflito entre os "homens da ciência" e os "homens do Estado", que o autor Carlos Henrique Assunção Paiva analisa a partir do caso do sanitarista Noel Nutels. Ana Teresa Venâncio recupera a trajetória da assistência psiquiátrica carioca desde as influências germânicas e francesas até a construção do Hospício de Pedro II, em 1852, e do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil, em 1917. Esta é a base para entender como a assistência, voltada para o modelo de asilo, separa-se da ciência psiquiátrica, que passa a se dedicar ao estudo das mazelas mentais enquanto doenças orgânicas.


Um grupo de pesquisadores liderado por Francisco Altamirano-Enciso buscou em fontes do século 16 o respaldo para a teoria de que a leishmaniose de forma mucosa surgiu na região amazônica no momento de queda do império inca e da conquista espanhola, espalhando-se através de migrações pelo território andino, onde adquiriu a forma da leishmaniose tegumentar americana. Em outro artigo, Ermelinda Moutinho Pataca analisa os desenhos de peixes oceânicos feitos por J. J. Freire e J. J. Codina durante uma travessia entre Lisboa e Belém, em 1783. Voltada para a análise sociológica, Marta Schapira observa a profissão do dentista na Argentina desde o século 19 até a contemporaneidade, debatendo sua posição subalterna em relação ao papel do médico. Luzia Castañeda se debruça sobre a Inglaterra vitoriana, quando os casamentos eram orientados por estratégias de eugenia. Carlos Minayo-Gomez e Silvana Mendes Lima buscam um tema mais recente: os reflexos e implicações da educação profissionalizante de jovens da periferia carioca.


No capítulo dedicado a imagens, História, ciências e saúde traz fotos de aranhas, escorpiões e outros aracnídeos peçonhentos do acervo do Instituto Butantan. A seção de depoimentos apresenta o testemunho de Clarice Della Tore Ferrarini, uma das pioneiras na administração de enfermagem no país. A revista chega ao fim com as resenhas de livros como Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista, do historiador Arthur Soffiati; a apresentação dos resultados parciais da pesquisa que investiga como o reflorestamento de manguezais pode contribuir para o seqüestro do carbono atmosférico; e a listagem de teses acadêmicas lançadas entre setembro e dezembro de 2003 sobre a história da ciência e da saúde.


História, ciências, saúde: Manguinhos é uma publicação quadrimestral. A assinatura anual da revista pode ser adquirida por R$ 40 (valor individual) ou R$ 60 (valor institucional). Para quem está no exterior, os preços são US$ 40 (individual) e US$ 65 (institucional). Há ainda uma versão online da publicação.

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