Diferentes abordagens sobre as relações entre os diversos campos da ciência e os museus recheiam o suplemento do 12º volume da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos. Os artigos dão continuidade às reflexões propostas no 4º Congresso Mundial de Museus e Centros de Ciência, organizado pela Fiocruz, que ocorreu em abril. Sob a perspectiva da história e da sociologia, alguns autores investigam como o museu participa da formação da estrutura cultural e dos campos de conhecimento. Outros, à luz da psicologia e das ciências da educação, analisam a produção de saberes particulares e a reformulação dos conhecimentos expostos no museu.
Martha Marandino, por exemplo, propõe uma reflexão sobre os processos de socialização do conhecimento científico. Se, por um lado, a chegada das informações produzidas pela ciência e pela tecnologia ao grande público constitui uma necessidade ética, por outro, alguns pesquisadores defendem que a complexidade da ciência a torna incompreensível para o público leigo. Para a autora, a apropriação desses conhecimentos pela população é uma forma de inclusão social e, portanto, deve ser planejada e estimulada. Nesse processo, o museu é uma peça-chave, pois, enquanto local de educação e divulgação científica, deve proporcionar aos visitantes informação e deleite.
Já o espanhol Jorge Wagensberg acrescenta que esse tipo de instituição pode configurar uma ferramenta para a mudança social. Segundo o pesquisador, os museus não estimulam apenas o conhecimento e o método científicos, mas influenciam a formação da opinião do público sobre a ciência. Diferente dos outros meios de divulgação científica, como revistas ou livros, os museus oferecem à população, além das palavras, a exibição de fenômenos reais e meios que permitem ao visitante a interação com a ciência. Tais ferramentas podem ser utilizadas à exaustão, porém com certa cautela: devem ser tratadas "apenas como acessórios da realidade, para não tomarem seu lugar".
Por fim, aproveitando o tema debatido, a revista inaugura a seção Museus e Ciências, criada para que as instituições apresentem projetos, resumos de atividades, relatórios e depoimentos de profissionais. Tomam a palavra Pierre Catel, responsável pela concepção do projeto do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte, e Maria das Graças Ribeiro, coordenadora-geral do Museu de Ciências Morfológicas da Universidade Federal e Minas Gerais (UFMG).
História, ciências, saúde: Manguinhos é uma publicação quadrimestral. A assinatura anual da revista pode ser adquirida por R$ 40 (valor individual) ou R$ 60 (valor institucional). Para quem está no exterior, os preços são US$ 40 (individual) e US$ 65 (institucional). Há ainda uma versão online da publicação. |