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25/06/2020

Livro da Editora Fiocruz detalha a trajetória das leishmanioses no Brasil

Marcella Vieira (Editora Fiocruz), com informações da Fino Traço Editora


A emergência sanitária causada pelo novo coronavírus reforçou, em diversos canais e redes, a importância de trazer à luz os muitos estudos e projetos que narram a história das grandes pandemias, epidemias e endemias. São pesquisas de enorme valor no resgate da memória e do papel desempenhado pelas comunidades e instituições científicas – como a Fiocruz – desde os seus primórdios. 

Neste momento crucial para a ciência, a Editora Fiocruz lança um volume que apresenta novas contribuições para a história da saúde pública do país. Uma História das Leishmanioses no Novo Mundo (fins do século XIX aos anos 1960) estará disponível, a partir de 26 de junho, na Livraria Virtual da Editora. Escrito pelos pesquisadores Jaime Larry Benchimol e Denis Guedes Jogas Junior, o livro é uma coedição com a Fino Traço Editora.   

O título detalha a extensa trajetória dos estudos sobre as leishmanioses (doença infecciosa causada por parasitas protozoários) no Brasil, englobando a descoberta de seus agentes etiológicos, as diversas espécies de leishmanias associadas às diferentes formas clínicas da doença, seus hospedeiros reservatórios e os flebotomíneos vetores. A obra aborda também aspectos da epidemiologia e ações de controle implantadas em contextos sociopolíticos e momentos diversos.

Doenças desafiadoras à compreensão biológica e epidemiológica, as leishmanioses sempre despertaram paixões entre os diversos pesquisadores que a elas se dedicaram, além de levantarem dilemas sobre o controle eficaz e as formas de tratamento. Classificadas em três tipos principais (cutânea, mucocutânea e visceral), as leishmanioses continuam a representar um importante problema de saúde pública, no Brasil, nas Américas e em diversas áreas do Velho Mundo. “A leishmaniose visceral foi controlada no Brasil, mas momentaneamente. Hoje apresenta elevada incidência e vasta distribuição, adquirindo formas graves e letais quando associada à má nutrição e a infecções concomitantes como a Aids. Grandes empreendimentos no interior do país após o golpe civil-militar de 1964 contribuíram para a transformação das leishmanioses cutânea e mucocutânea num problema mais grave também, especialmente na região amazônica”, revela Jaime Benchimol, na apresentação do livro. 

Cooperações internacionais e doenças negligenciadas

O livro joga luz sobre aspectos pouco conhecidos da história, inclusive os bastidores das articulações, dos planos de trabalho de pesquisadores pioneiros e os impactos que seus estudos tiveram à época de sua realização, assim como as implicações para estudos subsequentes em diferentes regiões do Brasil. Ao mesmo tempo, contextualiza o surgimento de importantes instituições de pesquisa pelo país e o início dos programas de cooperação internacional e de controle das leishmanioses.

Como a doença de Chagas, a malária e demais enfermidades tidas como negligenciadas, as leishmanioses continuam a afetar populações vulneráveis e em situação de baixa renda. "No final do século 20, no Brasil e em outros países, todas as formas de leishmaniose que pareciam sob controle reemergiram em zonas rurais e urbanas (...) devido a mudanças ambientais, migrações humanas, crescimento urbano caótico, guerras e outros processos socioeconômicos incidentes sobre largas porções dos territórios desses países", alerta o pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).     

O lançamento é o primeiro das duas partes da obra completa. Este volume inicial apresenta estudos que contemplam o início do século 20 até 1965. A próxima parte, ainda sem data definida para ser lançada, começará com a chegada dos cientistas Ralph Lainson e Jeffrey Shaw ao Instituto Evandro Chagas, no Pará, em meados da década de 1960.

Autores 

Denis Guedes Jogas Junior é mestre e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS/COC/Fiocruz). Desenvolveu pesquisas sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana em perspectiva histórica e global e em suas relações com a medicina tropical no Brasil. No doutorado, sob a orientação de Jaime Benchimol e Simone Kropf (autores da Editora Fiocruz), foi contemplado com editais da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj, cursando período "sanduíche" na École de Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. É graduado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). 

Jaime Larry Benchimol é professor do PPGHCS/COC/Fiocruz e do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVida/Fiocruz Amazônia). É doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também concluiu graduação na área. É mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Coppe/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro do conselho editorial da Revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Autor e organizador de livros sobre história da saúde pela Editora Fiocruz, incluindo títulos sobre febre amarela, além de volumes especiais em homenagem ao Instituto Oswaldo Cruz e ao pesquisador Adolpho Lutz.

Serviço:
Uma História das Leishmanioses no Novo Mundo (fins do século XIX aos anos 1960)
Editora Fiocruz | Coedição Fino Traço Editora
Primeira edição: 2020
790 páginas
Preço: R$ 150,00

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