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08/05/2023

IFF/Fiocruz reforça atividade assistida por animais

Everton Lima e Maria Luiza La Porta (IFF/Fiocruz)


Com o intuito de reforçar a Atividade Assistida por Animais (AAA), o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) agora possui seu próprio cão terapeuta, a Dra. Flor. Em abril, a Golden Retriever de 3 anos realizou sua primeira visita, guiada pelo coterapeuta e adestrador, André Donza.

Dra. Flor com profissionais e residentes do Instituto (foto: Maria Luiza La Porta)

 

A atividade humaniza a assistência e se estrutura a partir de fluxos e protocolos comprometidos com a segurança do paciente. Representa uma proposta lúdica e afetiva baseada na convivência e visitação dos animais. Possui finalidade recreativa e de distração, auxiliando assim nas intervenções terapêuticas e/ou em outro tipo de tratamento. A AAA é usada na tentativa de amenizar problemas emocionais, físicos e mentais, porém sem a obrigatoriedade da assistência de um profissional da saúde.

A interação entre o cão, pacientes e profissionais no ambiente hospitalar promove momentos de relaxamento e alegria, favorecendo o relacionamento interpessoal entre as equipes profissionais e pacientes internados. A descontração no ambiente, marcada pela espontaneidade das trocas afetivas, instaura uma suspensão temporária das tensões e preocupações da rotina, funcionando na redução da ansiedade e estresse. Crianças e adultos se beneficiam desta atenção desinteressada e genuína que contribui para o aumento da autoestima e da motivação para engajamento na própria recuperação.

Tutora de Flor, a coordenadora de pesquisa do IFF/Fiocruz, Andrea Zin, conta como surgiu a ideia de Flor se tornar cão terapeuta do Instituto. “Por ocasião da celebração do Dia das Crianças no IFF/Fiocruz em 2022, tive a felicidade de encontrar a Dra. Hope, cão terapeuta do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Não pude deixar de me encantar pela visitante inusitada. Logo perguntei ao seu adestrador, André Donza, quais os requisitos para ser um cão terapeuta, visto que sou tutora de uma doce Golden Retriever de 3 anos chamada Flor. Desde 2020, ela tem sido um bálsamo considerando o desafio enfrentado por conta da pandemia de Covid-19. Eu e minha família fomos os primeiros pacientes de Flor. Assim, ao encontrar Hope e André, me pareceu natural que Flor pudesse trilhar o mesmo caminho aqui no IFF/Fiocruz. Dessa forma, contactei André para saber se Flor poderia ser uma boa candidata para ser cão terapeuta. Além disso, conversei com a coordenadora do Núcleo Saúde e Brincar do Instituto, Roberta Tanabe, para explorar a possibilidade de iniciarmos com Flor e apoio de André Donza uma iniciativa semelhante à do INCA. Após iniciar o treinamento necessário, aqui estamos explorando as possibilidades de implementar a atividade aqui no IFF/Fiocruz”.

Iniciativa

O Núcleo Saúde e Brincar tem como pilares de seu trabalho a promoção de saúde e o cuidado integral de crianças e adolescentes hospitalizados. Sempre comprometido com a qualificação da assistência, inaugurou esta nova atividade no Instituto. “Este é um trabalho em equipe coordenado pelo Núcleo Saúde e Brincar e desenvolvido em parceria com Andrea Zin, tutora da cadela terapeuta, Flor; André Donza, adestrador e condutor durante a visita hospitalar; Thaize Sobreiro, gestora da Área de Atenção Clínica à Criança e ao Adolescente; e Adriana Reis e Natalie Costa, gestoras da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). O objetivo é oferecer uma pausa no cotidiano hospitalar, promovendo o bem-estar não só das crianças, mas de toda a comunidade de trabalhadores e familiares através da interação afetuosa com Flor, a mais nova colaboradora do IFF/Fiocruz”, comenta a pediatra e coordenadora do Núcleo Saúde e Brincar, Roberta Tanabe.

A parceria de animais na assistência à saúde de crianças e adultos é reconhecida há algumas décadas no Brasil. O Governo do Estado Rio de Janeiro, seguindo o exemplo de outros estados, regulamentou pela Lei 9328/2021 a visita de animais de estimação a pacientes internados. “Na história do IFF/Fiocruz, temos exemplos da presença de cães de serviço que antecedem a atual iniciativa. Na década de 2010, a cão-guia Pucca acompanhou sua tutora Camila Alves em aulas na Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher (PPGSCM). Ainda no mesmo período, a cadela terapeuta Nêga Maria, da ONG Pelo Próximo, também visitou o IFF/Fiocruz. O desejo de ter a atividade assistida por animais no Instituto, no entanto, nunca foi abandonado por nosso grupo”, explica a pediatra.

A motivação para empreender a atividade assistida por animais no hospital é o reconhecimento da potência do cão em estabelecer e facilitar canais de contato, onde o interesse e a atenção acontecem sem juízos de valor e preconceitos. “A interação humano-animal, ao acionar dimensões intangíveis do território da sensibilidade, oferece novas possibilidades de pensar e operar o cuidado em saúde. A atividade está estruturada em protocolos técnico-científicos de segurança e alinhada com valores institucionais, como interdisciplinaridade, humanização e inovação”, destaca Roberta.

Nesta fase inicial, as visitas foram direcionadas para os trabalhadores que atuam nas atividades técnico-administrativas, gerenciais e de educação. A presença afetuosa da Dra. Flor foi registrada na Coordenação de Atenção à Saúde, no gabinete do Diretor, na Assessoria Jurídica, nos setores de Comunicação, Compras, Gestão de Contratos, na Secretaria Acadêmica, no Centro de Estudos Olinto de Oliveira, no Núcleo de Vigilância Hospitalar e na sua passagem pelo pátio externo do hospital, onde interagiu ainda com crianças, seus familiares e diversos trabalhadores. Em outras oportunidades foi acolhida pelas professoras Danielle Moraes, Marcia Silveira, Ivia Maksud e Vânia Fonseca, além dos alunos da Residência Multiprofissional e da Pós-Graduação Stricto Sensu.

Em todas as oportunidades, a cão terapeuta evidenciou a transformação positiva no ambiente com descontração, alegria e leveza. “A expectativa de todo o grupo é que a atividade, que acontece uma vez por semana no período da tarde, se consolide como estratégia de promoção da saúde e ofereça um novo campo na produção de conhecimento, sendo um elemento diferencial e qualificador da assistência pediátrica no Instituto”, conclui a pediatra.

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