Agência Fiocruz de Notícias

O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) promoveu a conferência Cuidados paliativos e finitude: as tessituras da vida que incluem a morte. O encontro, presidido pelo coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos do IFF/Fiocruz, Almiro Cruz Filho, contou com uma plateia lotada e teve como objetivo discutir a importância dos cuidados paliativos (abordagem de saúde que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves ou em fase terminal) e o enfoque da finitude na vida.

No contexto dos 35 anos do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher (PPGSCM) do IFF/Fiocruz, a abertura do evento foi marcada por uma fala inspiradora da pesquisadora e professora do Programa, Corina Mendes. Ela ressaltou que “a compreensão dos cuidados paliativos é essencial para enfrentarmos a morte com dignidade, tanto para os pacientes quanto para suas famílias”. A coordenadora de Gestão e Desenvolvimento Institucional do Instituto, Stella Carletti, também destacou a relevância do tema, afirmando que “falar sobre a morte é um ato de amor e coragem, e eventos como este promovem a sensibilização necessária em nossa sociedade”.

Os coordenadores da Pós-Graduação Lato Sensu de Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher e organizadores do evento, Rozania Xavier e Paulo São Bento, complementaram a apresentação inicial, enfatizando a importância da formação acadêmica e profissional para a implementação de práticas que respeitem o desejo dos pacientes e suas famílias. “Precisamos preparar nossos profissionais para atuar com empatia e respeito, permitindo que a vida seja vivida plenamente até o último instante”, ressaltou Rozania. Paulo São Bento, ao dar as boas-vindas à palestrante, sublinhou a relevância do encontro. “Esta é uma oportunidade única de ‘prosear’ sobre o viver e o morrer, e de nos unirmos no aprendizado e na partilha desse olhar humano e acolhedor”.
 
A palestrante convidada Ana Claudia Quintana Arantes, médica, escritora, professora e ativista do cuidado, trouxe reflexões sobre a natureza dos cuidados paliativos. Em sua fala, destacou que “cuidar é um ato que vai além do físico; é um encontro de almas, onde cada gesto deve ser repleto de humanidade”. Ana Claudia também abordou a importância de se falar abertamente sobre a morte, defendendo que “o silêncio em torno do fim da vida apenas intensifica o medo, enquanto o diálogo pode transformar essa experiência em um momento de aprendizado e acolhimento”.

Um dos momentos mais impactantes de sua apresentação ocorreu quando Ana Claudia compartilhou uma experiência pessoal que ilustrou a fragilidade da vida. Ela contou sobre uma paciente que, mesmo em seus últimos dias, manifestou o desejo de ouvir músicas que a faziam lembrar de momentos felizes. “Essa vivência me ensinou que, mesmo diante da finitude, é possível celebrar a vida através das memórias e da arte. A música, o afeto e as histórias são o que nos tornam humanos”, afirmou, ressaltando que as intervenções nos cuidados paliativos devem sempre buscar a dignidade e a felicidade do paciente até o fim.
 
Durante sua apresentação, a palestrante, que acabou de lançar seu livro Cuidar até o fim: como trazer paz para a morte, incitou os participantes a refletirem sobre o legado que cada um deixa na vida dos outros, afirmando que “a maneira como vivemos e morremos impacta a sociedade, e cabe a nós escolher como queremos ser lembrados”. Ao encerrar sua participação, enfatizou a necessidade de um olhar mais atento e gentil para os que enfrentam o final da vida, reforçando que “não podemos esquecer que a vida é um ciclo, e que cada um de nós tem um papel fundamental nesse processo”.
 
O evento se revelou um espaço de aprendizado e reflexão, onde profissionais da saúde, acadêmicos e a comunidade puderam se unir para discutir temas essenciais para a promoção de uma vida digna até o último instante. Assista à gravação na íntegra do evento Cuidados paliativos e finitude no canal do IFF/Fiocruz no YouTube.