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08/11/2024

Consórcio Zika Brazilian Cohorts alerta para riscos da infecção por oropouche na gestação

Jamile Araújo, com supervisão de Júlia Lins (Fiocruz Bahia)


Um artigo publicado no periódico The Lancet Infectious Diseases ressalta a importância de antever respostas rápidas aos riscos de transmissão vertical (da mãe para o feto) do vírus Oropouche, levando em conta a experiência de quase uma década de pesquisa sobre a síndrome congênita associada à infecção pelo vírus zika. O texto, de autoria de especialistas que integram o Zika Brazilian Cohorts (ZBC) Consortium, do qual fazem parte os pesquisadores da Fiocruz Bahia, Isadora Siqueira, Maurício Barreto e Bethânia Almeida, e pesquisadores de outras unidades da Fundação, apresenta as principais lições aprendidas com o zika e faz recomendações para a investigação da febre oropouche.

O Zika Brazilian Cohorts é um consórcio que, por meio da iniciativa de compartilhamento de dados, avaliou o risco de resultados adversos da infecção congênita pelo zika no Brasil. No trabalho, os pesquisadores discutem a disseminação de uma nova cepa do vírus Oropouche, transmitido por mosquitos da espécie Culicoides paraenses, conhecidos como maruins, em diversos países da América Latina e Caribe. Casos de transmissão vertical do vírus, incluindo natimortos e neonatos microcefálicos com resultados positivos para Oropouche, levantam preocupações sobre possíveis riscos à saúde materno-fetal. No entanto, ainda há poucas evidências científicas para confirmar esses riscos, destacando a necessidade urgente de mais pesquisas.

Os cientistas enfatizam a importância de uma resposta rápida e colaborativa para investigar a transmissão vertical dessa arbovirose e seus impactos. As principais recomendações incluem: centralizar a expertise de pesquisadores locais e profissionais de saúde pública para melhor compreensão das características do surto; promover uma cultura de colaboração para facilitar o compartilhamento de dados; fortalecer a vigilância e estabelecer definições diagnósticas claras; e conduzir estudos epidemiológicos para investigar a causalidade e as consequências da infecção congênita pelo vírus Oropouche.

Essas ações devem se basear em lições aprendidas com a pesquisa sobre o zika, visando respostas científicas e éticas para proteger as comunidades afetadas. Os especialistas concluem que a pesquisa sobre o vírus Oropouche deve ser rápida, multidisciplinar e transparente, com foco em intervenções que diminuam os riscos de possíveis infecções congênitas e seus impactos na saúde pública.

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