Início do conteúdo

10/01/2018

Observatório Clima e Saúde ganha destaque na OMS e na COP23

Graça Portela (Icict/Fiocruz)


Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que até 2030, “as consequências das mudanças climáticas provocarão gastos com saúde de até US$ 4 bilhões por ano”. Além disso, mais de 250 mil mortes por ano estão previstas entre 2030 e 2050, devido a desnutrição, malária, diarreia e estresse provocado pelo calor intenso, agravados por problemas de infraestrutura como falta de saneamento básico, desabastecimento e não tratamento da água, por exemplo.

Em um evento - Diálogos Estratégicos sobre Mudanças Climáticas – que reuniu representantes da OMS, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Fiocruz, Ministério da Saúde, ONU Mulheres e ONU Meio Ambiente, no início de dezembro de 2017, a oficial sênior da ONU Meio Ambiente, Regina Cavini, alertou que esses problemas “agravam os desdobramentos das transformações do clima e seus impactos sobre a saúde, a exemplo do que ocorreu com as recentes epidemias de dengue, zika e chikungunya”.

Diante de números tão alarmantes, o papel do Observatório Nacional do Clima e Saúde, do Laboratório de Informação e Saúde (LIS) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), torna-se crucial e foi reconhecido tanto na COP23, como pela Unesco e OMS. Lançado em 2008, o Observatório tem parcerias com o Datasus, IBGE, Ibama, Ministério do Meio Ambiente, secretarias estaduais e municipais de Saúde, e instituições de ensino federais e estaduais, além de integrar a Rede Brasileira de Pesquisas Sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede-Clima), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/Ministério da Ciência e Tecnologia).

Na COP23, um capítulo

Durante a COP23 – a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (3/11 a 18/11), o Centre for Enviroment Education (CEE), da Nehru Foundation for Development, da Índia, lançou – em parceria com a UNFCCC ((United Nations Framework Convention on Climate Change) e a Unesco a publicação Good Practice in Action for Climate Empowerment - A compilation and analysis of case studies, que destaca o papel da educação e empoderamento da sociedade civil no apoio à redução e à adaptação aos impactos da mudança climática, apresentando estudos de caso de diversos países. O Brasil está lá representado pelo Observatório Nacional de Clima e Saúde, do Laboratório de Informação e Saúde do Icict/Fiocruz.

A experiência brasileira selecionada  foi a do sítio sentinela de Manaus (Amazonas), que mostra a correlação entre eventos climáticos extremos e doenças transmitidas pela água na capital do Amazonas, que é banhada pelos rios Negro e Solimões. Os dados analisados indicam que o nível da água dos rios e as chuvas intensas afetam o número de casos de leptospirose na região.

Boas práticas

O sítio de Manaus também foi objeto de estudo publicado no relatório Climate Services for Health – Improving public health decision-making in a new climate, produzido pela Organização Mundial de Meteorologia (da sigla em inglês WMO) e a OMS. Neste caso, o Observatório é citado duas vezes como experiência exitosa: como plataforma de acesso a informações que permitam criar alertas para as doenças trazidas pelas enchentes em Manaus, e como colaborador no estudo preditivo dos riscos de uma epidemia de dengue durante a Copa do Mundo de Futebol ocorrida no Brasil em 2014.

Para Christovam Barcellos, coordenador do Observatório e vice-diretor de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico do Icict/Fiocruz, estas publicações “representam um reconhecimento do Observatório como promotor do debate sobre as mudanças climáticas e seus impactos sobre a saúde”, afirma. Ele também destaca que o pioneirismo do projeto: “ao que parece este tipo de iniciativa é inédita no mundo e tem despertado o interesse de agências internacionais”.  Partindo dessa premissa, o site do Observatório Nacional de Clima e Saúde está sendo reformulado. Segundo Barcellos, “temos uma perspectiva de tradução do nosso site para o inglês e o espanhol, o que vai ampliar em muito o público que busca informações sobre clima e saúde”.

Educação e saúde

O site do Icict/Fiocruz ouviu Kartikeya Sarabhai, diretor do CEE. Ele falou sobre a Educação como instrumento para mitigar os efeitos do impacto das ações climáticas, o trabalho desenvolvido pelo CEE e a importância do que é feito pelo Observatório Nacional de Clima e Saúde. Confira a entrevista no site do Icict/Fiocruz

Esta matéria abre a série Clima e Saúde,  que enfoca as mudanças climáticas e seus efeitos na saúde do brasileiro, a partir dos estudos realizados pelo Observatório Nacional de Clima e Saúde do Icict/Fiocruz. A próxima matéria abordará o sítio sentinela de Porto Velho (Rondônia) e o impacto das queimadas da região amazônica na população local.

Voltar ao topo Voltar