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15/03/2023

Pesquisa analisa impacto de mudanças climáticas e incêndios florestais na saúde indígena

Informe Ensp


As pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), Sandra Hacon e Ana Schramm, estiveram  nos Territórios Indígenas Pimentel Barbosa, do povo Xavante, e no TI Xingu, na aldeia Ulupuene, habitado pelos povos Wauja, ambos no estado do Mato Grosso, no período de 23 de fevereiro a 4 de março. Na ocasião, foi apresentado e discutido o projeto de pesquisa Avaliação de Impacto à Saúde decorrente das mudanças climáticas e dos incêndios florestais sobre os povos indígenas, financiado pelo Programa Inova Fiocruz/Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde (MS) no âmbito do Termo de Execução Descentralizada (TED).

O estudo tem como objetivo avaliar os impactos dos incêndios florestais e das mudanças climáticas nos serviços ecossistêmicos e suas alterações sobre a saúde da população indígena. Por meio de uma abordagem interdisciplinar de saúde e ambiente, visa promover o resgate dos conhecimentos indígenas sobre a dinâmica e estrutura dos ecossistemas e a adaptação climática.

O projeto foi bem recebido pelos indígenas, obteve o assentimento das lideranças para a sua realização. Durante a visita, foram desenvolvidos vídeos e coletadas imagens para a caracterização socioambiental e das condições de saúde das comunidades indígenas que vivem nas aldeias Ulupuene, do TI Xingu, aldeia Belém e Pimentel Barbosa da TI Pimentel Barbosa, que historicamente vêm sendo degradadas pelo desmatamento e o fogo.

"Chamou atenção do grupo de pesquisa algumas ênfases ressaltadas pelos indígenas referentes as alterações climáticas, como por exemplo, o aumento continuo da temperatura e da radiação solar no Xingu, a contaminação das águas do Rio Tamitatoala, e a ameaça de contaminação por agrotóxicos dos alimentos, incluindo os peixes. O povo Wauja tem o peixe como a principal fonte proteica de sua alimentação", explicou Sandra Hacon.  

Com o apoio do comunicador e pesquisador indígena Pirata Waura, que integra a equipe do projeto, as pesquisadoras entrevistaram o Cacique, os Agentes Indígenas de Saúde e Saneamento, e as lideranças indígenas locais. O material etnográfico produzido pelo fotografo e cinegrafista Henrique Santian resultará em uma série de vídeos e fotografias que farão parte do acervo do projeto e de uma exposição a ser apresentada na ENSP, prevista para o segundo semestre de 2023. Foram coletadas também amostras de solo para avaliar a contaminação por metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) advindos da fumaça e do processo de degradação socioambiental local e regional. 

Na ocasião, foi firmada uma parceria com o projeto piloto Aldeia Sustentável A’uwê Uptabi, na Aldeia Belém, TI Pimentel Barbosa, desenvolvido pelo Instituto Kurâdomôdo, coordenado pela engenheira florestal Cleide Arruda. A integração dos projetos buscará apresentar evidências da importância da segurança alimentar para a alimentação, a saúde e qualidade de vida dos povos indígenas. Os resultados dos projetos conjuntos deverão subsidiar ações e políticas para as Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária e da Saúde Ambiental.

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